Técnica em enfermagem pede emprego em frente a hospital

Técnica em enfermagem pede emprego em frente a hospital

Graziela Dornelles Bosquerolli, de 44 anos, decidiu ir às ruas da Capital em busca de uma oportunidade

Felipe Samuel

Sem emprego desde 30 de dezembro, Graziela passou a enviar currículos e fazer concursos para a área da saúde

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Desempregada desde dezembro do ano passado, a técnica em enfermagem e socorrista Graziela Dornelles Bosquerolli, 44, decidiu ir às ruas da Capital para pedir emprego. Nesta segunda-feira, no primeiro dia de busca por "visibilidade", ela se postou em frente ao Hospital Nossa Senhora da Conceição, na zona Norte, com um cartaz com uma mensagem pedindo "um trabalho urgente" seguida de dois telefones para contato. Formada há seis anos, Graziela é parte do grupo de 12,8 milhões de desempregados, conforme dados da PNAD Contínua Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes ao trimestre encerrado em abril.

Sem emprego desde 30 de dezembro, passou a enviar currículos e fazer concursos para a área da saúde. Graziela mora em Guaíba, na Região Metropolitana, e garante que há algum tempo teve a ideia de sair com um cartaz pelas ruas da cidade pedindo emprego. A filha Maria Eduarda, 21, estudante de psicologia, pediu que ela refletisse sobre a exposição do ato e recorresse à ajuda de R$ 600 oferecida pelo governo federal. "Me sinto humilhada, nunca precisei desse tipo de coisa. É a primeira vez e espero que tenha sido a última. Preciso de um emprego, não quero auxílio de governo”, afirma. “Batalhei para conseguir fazer meu curso, abri mão de outras coisas para estar lá.”

Depois de trabalhar por um período em uma empresa que oferecia serviço de assistência médica domiciliar, seu último emprego foi em uma clínica dentária. Desde então, viveu esse período com o dinheiro economizado e com apoio do ex-marido e da filha. "Eu preciso trabalhar, eu gosto de trabalhar, eu quero trabalhar", completa. Apesar da perda do emprego, Graziela acreditava que conseguiria reinserção no mercado de trabalho, mas acabou encontrando dificuldades em função do impacto do novo coronavírus na economia. "Mereço emprego que eu possa andar de cabeça erguida, pagar minhas contas sem dever nada para ninguém", explica.

Ela garante que seu sonho é trabalhar em ambulâncias de resgate, como as do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). "Na cidade onde moro o Samu não é concurso, mas não estou conseguindo", acrescenta. "Toda semana reenvio currículos para hospitais, principalmente para Santa Casa e ambulâncias de resgate, que é o que eu gosto. E hoje optei pelo GHC pela visibilidade", reconhece.

Nesta terça Graziela pretende voltar para frente do GHC com o cartaz. De quarta a sexta, planeja ir para frente do Dom Vicente Scherer, na Santa Casa.


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