Tapumes para canteiro de obras do Quadrilátero preocupam lojistas do Centro

Tapumes para canteiro de obras do Quadrilátero preocupam lojistas do Centro

Montagem começou nesta semana e blocos de concreto são motivos de controvérsias entre comerciantes da avenida Borges de Medeiros

Christian Bueller

Lojistas questionam instalação de placas pré-moldadas e portões de acesso aos contêineres

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As pessoas que passam pela avenida Borges de Medeiros, entre as ruas José Montaury e dos Andradas, no Centro de Porto Alegre, já percebem o avanço na montagem do canteiro de obras do chamado Quadrilátero Central. No local, ocorrem a fixação dos pilares e a instalação de placas pré-moldadas e dos portões de acesso aos contêineres que serão utilizados como escritórios, alojamentos e refeitórios. Está prevista também a chegada dos banheiros químicos e o início do fornecimento de água e energia elétrica.

Alguns comerciantes se mostraram preocupados com o surgimento dos tapumes que, segundo eles, afasta clientes em potenciais. “Muita gente que passava do outro lado da rua atravessava para vir aqui. Agora vai ficar mais difícil”, diz Jair Boaventura, proprietário de uma loja de calçados. Há 20 anos trabalhando no ponto, no início da Borges de Medeiros, espera que a obra resulte em uma real revitalização da área. “Vou pagar para ver, como dizem”, comenta. Por enquanto, se depara com comentários inusitados de alguns clientes. “Tem gente que vê o tapume e acha que vai ter um acampamento farroupilha ali”, sorri o lojista, que questiona o custo das placas de concreto para o canteiro de obras, que tem 66 metros de comprimento e 20 metros de largura.

Dona de lanchonete junto do marido, Juliana Weschenfelder concorda com Boaventura quanto ao prejuízo na atração de consumidores. Outra reclamação é sobre o fim temporário do estacionamento em frente aos comércios daquela quadra. “Utilizávamos o estacionamento para descarregar os insumos, agora ficou longe. Temos que fazer quatro ou cinco viagens”, lamenta. Segundo ela, a situação também serviu para atrasar os motoboys que entregam os pedidos feitos no estabelecimento. Juliana cita, ainda, a sensação de insegurança com a presença dos blocos de concreto nas proximidades. “São muros que impedem a nossa visão. Sou confiante pela melhora do Centro, mas não concordo com a utilização da avenida como canteiro de obras”, conclui.

Segundo a prefeitura, foram feitas abordagens explicando sobre a revitalização do Quadrilátero Central e realizado o cadastro dos ambulantes. Ao todo, foram cadastrados 225 vendedores ambulantes que atuam na região e 16 floristas da rua Otávio Rocha. Destes, 46 ambulantes fizeram cadastro no Sine – dois já conseguiram uma colocação no mercado de trabalho. Alguns vendedores ambulantes foram deslocados para o largo da avenida Salgado Filho, junto ao viaduto Loureiro da Silva.

Essa realocação gradual, conforme o Executivo, deverá se estender durante todo o período de obras e tem o mesmo perfil da ação efetuada no Largo Glênio Peres, no início de 2022, onde foram disponibilizadas oportunidades de recolocação no mercado de trabalho e capacitação profissional. Algumas opções ofertadas são o acesso a microcrédito – juros custeados pela prefeitura –, a possibilidade de ocupação de salas comerciais no Centro Popular de Compras (Camelódromo/POP Center), a prospecção de novos pontos e o encaminhamento ao Sine Municipal, com oferecimento de cursos e oficinas de profissionalizantes e o direcionamento a entrevistas de emprego.

Esta etapa da obra deverá durar até 10 de junho e a obra começará, de fato, pela rua Otávio Rocha e deverá durar 18 meses. A revitalização do Quadrilátero Central representa um investimento de R$ 16 milhões em qualificação de espaços públicos – recursos oriundos de financiamento do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). A proposta inclui ampliação de calçadas, qualificação de travessias, redução de barreiras de acessibilidade e melhorias na pavimentação.


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