Tartaruga é salva por veterinária após ingerir plástico

Tartaruga é salva por veterinária após ingerir plástico

Animal estava abaixo do peso, com exposição de ossos, ferimentos no casco e com sinais de afogamento

Raphaela Suzin

Tartaruga que ingeriu plástico é resgatada no litoral catarinense

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Imagens de uma veterinária retirando pedaços de plástico de dentro de uma tartaruga encontrada na Praia do Trapiche, em Santa Catarina, alertam para a poluição e influência humana no ambiente marinho. O animal foi resgatado em estado grave na semana passada pelo Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), onde ainda passa por tratamento.

O plástico já estava saindo pela cloaca da tartaruga, quando ela foi resgatada por uma bióloga do projeto que utilizou uma prancha de stand up para alcançar o animal que boiava no mar. Devido à quantidade de lixo ingerido, as vísceras intestinais do animal estavam bloqueadas, impedindo que a tartaruga se alimentasse. “Encontramos ela muito abaixo do peso, com a exposição de alguns ossos, vários ferimentos no casco, na carapaça, no plastrão, na pele, além de apresentar sinais de afogamento”, explicou a veterinária Tiffany Emmerich, da Unidade de Estabilização de Animais Marinhos da Univali.



“Em um dos exames clínicos, quando virei ela, vi que estava saindo um pouco de lixo da cloaca. Dei um medicamento para dor e fui retirando aos pouquinhos: era um pedaço grande de plástico”, destacou a veterinária. A tartaruga-verde é uma espécie herbívora, que se alimenta apenas de alga. No mar, ela acaba confundindo o plástico com a planta e ingere o lixo.

Após uma semana de tratamento, com oxigênio e medicamentos – inclusive para afogamento –, a tartaruga está se recuperando e já ganhou um pouco de peso (ela foi resgatada com 2,5 kg, quando sua espécie deveria ter cerca de 4 kg). A expectativa é de que em alguns dias a saúde da tartaruga esteja estabilizada e ela possa ser encaminhada ao projeto Tamar – específico em proteção de tartarugas marinhas.“Temos bastante esperança que ela volte para o mar”, comemora a veterinária. 


Foto: Deborah Boeira / Divulgação / CP 

Em 30 meses, 35.900 animais registrados


O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), que uma contrapartida da Petrobras para exploração do pré-sal, acompanha o litoral de São Paulo a Santa Catarina os resgates de animais, vivos ou mortos.

Em 30 meses, o projeto já registrou 35.900 tartarugas, golfinhos e aves em 1 mil quilômetros de praia monitorados. Sendo que 16.500 são tartarugas, a grande maioria – 14.800 da espécie verde – a mesma resgatada semana passada em Santa Catarina.

O projeto tenta identificar a causa da morte dos animais – muitas delas associadas a interferência humana no ambiente marinho. André Barreto, coordenador do projeto, ressaltou que os animais não estão saudáveis e, devido a doenças, acabam morrendo por afogamento.

“O que tem ficado claro é que o ser humano tem tratado muito mal o meio ambiente marinho. Isso implica navegação, extração, atividades de óleo e gás, implica no lançamento de lixo e esgoto. Na maior parte dos animais vemos efeitos crônicos da atividade humana”, explicou, destacando que o salvamento dos animais passa pela conscientização da população.

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