Taxistas de Porto Alegre lamentam morte de colega e pedem mais segurança

Taxistas de Porto Alegre lamentam morte de colega e pedem mais segurança

Ermínio Oliveira da Silva, 39 anos, foi assassinado por dois adolescentes na terça

Correio do Povo

Taxistas de Porto Alegre lamentam morte de colega e pedem mais segurança

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A manhã desta quarta-feira foi marcada por um silêncio incomum entre os 386 taxistas cadastrados que atendem a Estação Rodoviária de Porto Alegre. De luto pelo assassinato do colega Ermínio Oliveira da Silva, 39 anos, os motoristas tentavam manter a rotina no ponto que movimenta cerca de cinco mil passageiros por dia. Supervisor do ponto de táxi no local, Ademir Niffa, 60 anos, considerou o caso “chocante demais”. “Era um cara muito calmo, sem estresse”, afirmou, lembrando que a vítima deixa esposa e três filhos menores de idade.

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Segundo ele, o corpo foi levado de madrugada do Departamento Médico Legal para ser velado na Capela Ecumênica Municipal, na rua Caçapava, no bairro Mathias Velho, em Canoas,  acompanhado por um cortejo de taxistas e condutores de aplicativo. Outra manifestação da categoria já havia sido realizada na tarde de terça-feira no entorno da Estação Rodoviária, após a descoberta do corpo em uma área de vegetação na localidade de Passo da Canoa, em Gravataí, perto da ERS 118.

A dupla de assaltantes, ambos adolescentes de 15 e 17 anos, foi capturada pela Brigada Militar em um matagal no final da tarde de terça-feira em Santo Antônio da Patrulha. O táxi Fiat Siena fora localizado de manhã fora do acostamento, na freeway, na mesma região. Sobre o embarque da dupla no táxi da vítima, Niffa relatou que “chegaram os dois meliantes e ninguém quis levá-los”. De acordo com ele, o colega estava lá na ponta da fila, no outro lado da pista, perto dos hotéis. “Ele foi abordado lá”, contou, sem saber o motivo de ter aceito a corrida.

Mais segurança


Niffa avaliou que procedimentos de segurança no ponto de táxi terão de ser adotados em relação ao embarque de suspeitos. Ele defendeu uma reunião com os órgãos de segurança pública para tratar da questão. Aguardando passageiros na fila de embarque, o taxista Aurélio Almeida Rosa, 53 anos dos quais 25 na profissão, fez um desabafo. “Nós cuidamos de nós mesmos por que o poder público faz muito pouco. Tem que melhorar toda situação pois vivemos uma insegurança”, afirmou.

Sobre o colega morto, o motorista lembrou que “era uma pessoa extrovertida e dirigia táxi desde os 19 anos”. Ele entende que “podia ser qualquer um de nós”. Já o vendedor de café Sandro Ronaldo do Amaral, 54 anos, que já foi taxista, lamentou a perda. “Ele era uma pessoa pacata. Era bacana, trabalhador... Ele baixava a cabeça e trabalhava”, destacou. “Ele tomava meu café três ou quatro vezes por dia no mínimo”, acrescentou. “Era uma pessoa do bem”, sintetizou.

Durante o velório na Capela Ecumênica Municipal, em Canoas, o cunhado da vítima, o motorista de aplicativo José Carlos Vieira, 56 anos - 34 como taxista -, observou que a família toda está ligada à atividade. “A lembrança dele: um cara bom, amigo, parceiro, prestativo, sempre ajudando...e terminou dessa maneira”, afirmou. “Não temos segurança nenhuma. Podemos ser o próximo. Está muito difícil”, protestou.

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