Temporais castigam Santa Catarina e Paraná

Temporais castigam Santa Catarina e Paraná

Com fortes chuvas, ruas e avenidas estão alagadas nos estados e famílias ficam ilhadas nas casas

Correio do Povo

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Os estados de Santa Catarina e Paraná foram castigados por temporais, que deixam rastros de destruição. Santa Catarina contabiliza estragos e segue em situação de alerta após a chuva persistente dos últimos dias. O risco de deslizamentos ainda é alto em algumas áreas. As regiões que registraram maiores transtornos foram Oeste, Meio-Oeste e o Vale do Itajaí. Águas de Chapecó é uma das cidades mais afetadas. Outros municípios como Abelardo Luz, Bom Jesus, Ipuaçu, Ouro Verde, Passos Maia e São Lourenço do Oeste decretaram situação de emergência. A tempestade fechou barragens, causou deslizamentos e obrigou moradores a deixarem casas.

 A Defesa Civil contabilizou mais de 2 mil pessoas atingidas. Em Abelardo Luz, uma balsa usada na travessia do Rio Chapecó ficou à deriva depois que um cabo de aço se rompeu. Segundo o município, o rio registra elevação de nível da água por conta da chuva registrada no Estado nos últimos dias. Além do Oeste, o quarto dia seguido de chuva colocou a região do Vale do Itajaí em atenção. Em Rio do Sul, o rio Itajaí-Açu entrou em estado de emergência para a possibilidade de enchente, ao passar de 6,5 metros de altura. O Oeste catarinense segue com risco alto para deslizamentos e alagamentos.

A chuva registrada a partir de segunda-feira causa prejuízos e deixa várias cidades de Santa Catarina em alerta. Por conta do volume da água, as comportas das barragens de Ituporanga e Taió, no Vale do Itajaí, precisaram ser fechadas. Também há pontos de alagamentos e queda de barreiras entre o Oeste e Serra catarinense. Não há informações sobre feridos. Segundo a Defesa Civil regional de Xanxerê, que abrange 20 municípios do Oeste, 14 cidades foram atingidas. 

De acordo com Luciano Peri, coordenador da Defesa Civil regional, a cidade de Coronel Martins decretou situação de emergência e outras quatro cidades devem emitir os mesmos comunicados. No quilômetro 523 da BR 282, pista no sentido de Chapecó, uma queda de barreira interditou parcialmente a pista. Em Lages, a Defesa Civil monitora a situação da chuva desde segunda-feira. Moradores do bairro São Sebastião ficaram ilhados após um alagamento. A Defesa Civil precisou interditar um muro por risco de deslizamento na avenida Dom Pedro.

O fechamento das barragens de Ituporanga e Taió ocorreu por conta do alto volume de chuva e a elevação do nível do rio em algumas cidades da região. De acordo com a prefeitura de Rio do Sul, a situação está sendo acompanhamento e novos alertas podem ser divulgados. A informação foi divulgada pela prefeitura de Rio do Sul. Na cidade o nível do Rio Itajaí-Açu alcançou 5,63 metros às 19h. 

A cota de enchente no município é de 7 metros. São muitas as obstruções de rodovias estaduais e federais em Santa Catarina. Após o alto volume de chuvas, ao menos 10 cidades estão com estradas comprometidas devido a deslizamentos de terra, quedas de árvore e água na pista. Conforme o último boletim da Polícia Militar Rodoviária (PMRv) divulgado nessa terça-feira, 14 trechos em oito cidades na Serra e no Oeste estavam total ou parcialmente interditados. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), até meio-dia desta quarta, dois trechos na BR 282 estão interditados parcialmente devido a deslizamentos de terra. Um deles fica no quilômetro 561, em Nova Itaberaba, enquanto o outro está localizado no quilômetro 295, no município de Vargem, próximo a Campos Novos, no Oeste.

Duas crianças desaparecidas no Paraná

No Paraná, a Defesa Civil aponta 19 cidades atingidas por temporais, enxurradas e alagamentos nas regiões Oeste e Sudoeste. São 1.340 pessoas diretamente afetadas, 67 casas danificadas, 75 desabrigados, 126 desalojados e duas crianças desaparecidas em Pato Branco. As cidades com pessoas mais afetadas são Nova Laranjeiras, São Miguel do Iguaçu, Vitorino, Pato Branco e Francisco Beltrão. As chuvas também impactaram Maringá, no Noroeste. Equipes da Defesa Civil e dos Bombeiros trabalham para minimizar os impactos para a população.

As fortes precipitações começaram na segunda-feira. Foram 108 mm de chuvas em Francisco Beltrão, 96,4 mm em Clevelândia, 89,6 mm em Pato Branco, 88,4 mm em Dois Vizinhos, 87,6 mm em Capitão Leônidas Marques, 73,4 mm em Palmas e 60,4 mm em São Miguel do Iguaçu. As chuvas seguem impactando essas regiões, associadas à ocorrência de raios e algumas rajadas de vento de forte intensidade e de forma localizada. 

Paraná registra inundações por conta de fortes chuvas | Foto: Defesa Civil do Paraná / Divulgação / CP 

Cerca 340 profissionais da Companhia Paranaense de Energia (Copel) estão mobilizados e trabalham nos reparos da rede elétrica avariada pelo temporal no Oeste e Sudoeste. As equipes da companhia seguem trabalhando para atender os 1.020 serviços emergenciais espalhados por diferentes municípios, como Cascavel, Santa Helena e Palotina, no Oeste, e Francisco Beltrão, Coronel Vivida e Salto do Lontra, no Sudoeste. 

As fortes chuvas também provocam desabastecimento de água em algumas cidades. Em Pato Branco a previsão é de que o abastecimento volte à normalidade nesta quinta-feira. O Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR) informa que as chuvas na região Sudoeste estão causando interrupções no tráfego devido a pontos de alagamento e quedas de barreira, registradas em outras regiões também, conforme a chuva se prolonga, sendo necessário interromper o tráfego temporariamente enquanto são deslocadas equipes de trabalho.

As rodovias estaduais contam com sistemas de drenagem para escoar a água da chuva, mas volumes excessivos de água, bem como acúmulo de detritos e outras situações atípicas podem resultar em danos ao pavimento e bloqueio prolongado do trânsito.

Ruas e avenidas ficaram alagadas

O empresário João Carlos Bures, proprietário de um restaurante localizado no Balneário de Pratas, no município de Águas de Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, viu a água invadir o estabelecimento comercial após o nível do Rio Chapecó subir e causar alagamentos na cidade. Algumas perdas foram registradas, mas graças a ajuda da comunidade ele conseguiu salvar os itens de maior valor. “Estamos aqui há dois anos e foi a primeira vez que enfrentamos uma enchente como essa. A água começou a subir ainda na madrugada de terça-feira e entre às 15h e às 17h elevou muito o nível do rio. Agradecemos muito às pessoas que nos ajudaram a retirar as coisas”, disse. 

No município, diversas ruas ficaram alagadas e até intransitáveis. O Centro de Eventos de Águas de Chapecó, ao lado do palco onde ocorre a tradicional festa de Carnaval, que reúne milhares de pessoas da região, também foi tomado pela água. Conforme os moradores, a água subiu até por volta das 5h de ontem. Por volta das 9h, a água começou a baixar, mas ruas ainda seguiam alagadas. Na conhecida Prainha de Pratas, espaço bastante visitado por turistas da região, o nível do rio subiu tanto que invadiu escadarias e se aproximou do nível da rua. A força da correnteza também chamava a atenção.

Famílias ficaram ilhadas nas casas

Moradores do município de Videira, no Meio-Oeste de Santa Catarina, foram resgatados após ficarem ilhados em suas casas. Pelo menos em três ruas houve famílias retiradas pelo Corpo de Bombeiros Militar. O município decretou situação de emergência pelo prazo de 180 dias. Em Aberlado Luz, no Oeste, um açude transbordou. Além disso, duas famílias precisaram ser retiradas como forma de prevenção.

O município também decretou situação de emergência. Uma ponte desmoronou e um caminhão caiu deixando quatro homens ilhados na Linha do Cedro, interior do município de Ibicaré, no Meio-Oeste. O Corpo de Bombeiros Voluntários de Treze Tílias realizou o resgate. De acordo com os socorristas, três dos homens estavam no caminhão e tentavam atravessar quando a ponte caiu. O quarto homem estava em um carro e avaliava se conseguiria atravessar pela ponte quando também acabou ilhado. Em Quilombo, o Salto Saudades, conhecido como Cataratas de Quilombo, foi fechado devido ao nível e a força da água. Imagens impressionantes mostram que a água invadiu as passarelas. 

De acordo com o secretário da Defesa Civil de Quilombo, Joelson Moreira, a elevação no nível da água causou inundações na cidade, que decretou situação de emergência. Após redução do nível, o Salto Saudades passará por vistoria para poder ser liberado à visitação. Ainda não há informação de quanto a água subiu.

A bomba flutuante da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan), na unidade de abastecimento, também foi tombada devido a forte correnteza, o que causou problemas no abastecimento de água. As cidades de Bom Jesus, Coronel Martins, Faxinal dos Guedes, Galvão, Ipuaçu, Jupiá, Lajeado Grande, Marema, Novo Horizonte, Ouro Verde, Passos Maia, Ponte Serrada, São Bernardino, São Domingos, São Lourenço do Oeste, Vargeão, Xanxerê e Xaxim também registraram estragos como deslizamentos, enxurradas e alagamentos que deixaram famílias desalojadas e aulas suspensas.


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