Testagem contra a Covid-19 aumenta e moradores de Porto Alegre reclamam de demora

Testagem contra a Covid-19 aumenta e moradores de Porto Alegre reclamam de demora

Rapaz conta que esperou três horas na fila de testagem da Prefeitura, e não foi atendido

Felipe Faleiro

Na manhã desta segunda-feira, ainda havia filas no centro de testagem da Tristeza

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A prefeitura de Porto Alegre oferece a testagem contra a Covid-19 em quatro centros, mais 132 unidades de saúde. Embora o número pareça alto, há moradores que reclamam da falta de controle em determinados locais e têm dúvidas sobre os critérios que designam um paciente infectado pelo coronavírus. O analista financeiro Henrique Acosta, 29 anos, morador do Centro Histórico, relata que procurou um destes centros de testes, a Unidade de Saúde da Tristeza, na última quinta-feira, acompanhado da namorada, a arquiteta Carolina Chassot, 26, que estava com suspeita de Covid-19.

“Chegamos lá em torno de 10h30min, e não havíamos sido atendidos às 15h30min. Havia fila, e andava muito devagar. Aí fomos avisados de que não haveria perspectiva de que seríamos atendidos na próxima hora, apenas quem já estivesse aguardando dentro do centro de testagem, já que os testes estavam acabando”, disse Acosta. O casal acabou desistindo do atendimento, e a namorada entrou em contato com sua chefia no trabalho. “Ela fez o teste na rede privada e a empresa se ofereceu para ressarcir os custos”, diz o homem. No final, o teste dela resultou negativo.

A diarista Cristiane de Assis Barboza passou por experiência parecida, também na última quinta, na Unidade de Saúde Farrapos, que não tem centro de testagem. Ela conta que chegou às 9h30min no local, e foi rapidamente atendida. Estava com sintomas da doença, mas não foi testada, nem mesmo atendida por um médico, apenas pela equipe da Covid. “Eles já dão que é positivo e colocam para a pessoa ficar em casa”, critica. Ela foi também informada que deveria procurar um hospital em caso de agravamento da situação.

Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirma orientar que os usuários busquem um dos quatro centros para realizar o teste rápido de antígeno, que possuem capacidade de atendimento maior. Além da Unidade de Saúde Tristeza, eles estão nas unidades São Carlos, Assis Brasil e ainda na Clínica da Família Álvaro Difini. Os testes também estão disponíveis nas mais de uma centena de unidades. “As equipes avaliam o volume de usuários e a capacidade de atendimento, e dependendo, distribuem fichas para organizar o atendimento”, disse a assessoria da SMS. 

No entanto, estas fichas não estão disponíveis em todas as unidades de saúde, mas de acordo com o volume de pacientes aguardando e a capacidade de pacientes que podem ser atendidos no local. Sobre o caso relatado por Cristiane, a SMS afirma que qualquer pessoa que fez contato com caso positivo de Covid-19 é considerada também com a doença, pelo critério clínico-epidemiológico, e não há indicação de testagem. Caso o paciente não tenha sintomas e ainda assim queira fazer o teste, a orientação é para realizá-lo na rede privada, já que não há autorização no SUS.

Por fim, ainda segundo a SMS, se a pessoa teve contato com caso positivo e está com sintomas, passará por avaliação na unidade de saúde e receberá atestado de afastamento. A preocupação dos moradores ocorre ao mesmo tempo em que há uma tendência geral de aumento nas testagens. Dados mais recentes da Prefeitura de Porto Alegre mostram que houve cerca de 6 mil testes entre os dias 15 e 21 de maio, o mesmo número entre o final de abril e primeira semana do mês atual. Houve um pico de 10 mil testes na semana entre 8 e 14 de maio. Já entre março e a metade de abril, eram por volta de 5 mil testagens semanalmente.

Dados da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) mostram que foram realizados em maio, até o último dia 22, mais de 87,5 mil testes para detecção da Covid-19 na rede privada do Rio Grande do Sul. O número já é maior do que os meses anteriores de março e abril, porém distantes de fevereiro (230,6 mil) e janeiro (476,4 mil). O índice de positividade dos testes é de 30,7%, também maior do que os dois meses precedentes. Entre as redes de farmácias consultadas, Panvel e São João também relataram aumento na procura pela testagem, mas não informaram números.


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