Ufrgs revoga títulos Doutor Honoris Causa dos ex-presidentes Costa e Silva e Médici
Decisão inédita no Estado foi tomada após votação no Consun da Universidade nesta sexta-feira
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Nesta sexta-feira, foi aprovado no Conselho Universitário (Consun) da Ufrgs a revogação dos títulos Doutor Honoris Causa dos ex-presidentes ditadores Costa e Silva e Médici. Em sessão que começou pela manhã e terminou durante a tarde, 50 pessoas participaram da votação, com 48 votos à favor e apenas 1 contra — além de uma abstenção. A decisão já está valendo e será assinada pela presidente da sessão para que possa ser publicada.
"Teve um parecer contrário, de um professor da matemática, que tinha 35 páginas. Para ele, isso é passado e não deveria se mexer no passado. Poderia, também, ter uma conotação eleitoral, já que estamos em ano de eleição", relatou Pedro Costa em contato com o Correio do Povo.
Pedro faz parte do coletivo Memória e Luta, que foi responsável por encaminhar o pedido de revogação desses dois títulos. Segundo ele, o processo iniciou no começo deste ano: "O processo começou há seis, oito meses. Foi no início do ano, no Conselho Universitário da Ufrgs. É um coletivo que trabalha com a memória dessa época da ditadura".
É a primeira vez que acontece a revogação dos títulos na Ufrgs. Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ufrj), por exemplo, Jarbas Passarinho teve o título Doutor Honoris Causa revogado em 2021. Para Patrícia Reuillard, membro do Consun e do coletivo proponente, essa decisão é importante por se tratar de uma assunto "sensível" para a sociedade, que reforça a autonomia do conselho no âmbito universitário.
"É uma decisão muito importante porque indica, entre outras coisas, que o Conselho da Universidade pode e deve discutir questões sensíveis para a sociedade, considerando que a universidade é um espelho da sociedade e ao mesmo tempo uma instituição que deve dar exemplo de lisura e funcionamento democrático; além disso, as decisões tomadas pelo Conselho reforçam a autonomia universitária: cabe à universidade tomar as decisões sobre as questões que lhe dizem respeito e à sua organização interna", explica Patrícia.
