Valor de revitalização do viaduto Otávio Rocha e destino de permissionários são discutidos em debate

Valor de revitalização do viaduto Otávio Rocha e destino de permissionários são discutidos em debate

Reformas devem durar 18 meses

Felipe Uhr

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Durante três horas, prefeitura e membros da sociedade civil discutiram o futuro de um dos cartões postais mais conhecidos e importantes de Porto Alegre. A revitalização do Viaduto Otávio Rocha foi debate na sede do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RS), noite dessa quarta-feira, em Porto Alegre. Os pontos mais questionados entre os presentes foram o valor da obra e o destino dos permissionários, que hoje ocupam as lojas localizadas na avenida Borges de Medeiros, durante as reformas, previstas para durarem 18 meses.

O Executivo orçou a revitalização em R$ 13,7 milhões. O serviço será prestado pela empresa Concrejato Serviços Técnicos de Engenharia, vencedora da licitação. O valor foi considerado baixo pelo arquiteto e Urbanista Alan Furlan, responsável pelo projeto. Ele deu exemplos de que a obra seria mais cara do que o valor atual estimado. “Há serviços que duram um dia inteiro, é um custo mais elevado, temo que isso saia mais caro”, avaliou.

O secretário de Obras e Infraestrutura do município, André Flores, admitiu que aditivos podem ser feitos mas que não há motivos para preocupações. “A empresa ofertou esse valor e apresentou as garantias previstas na lei do contrato”, justificou. O titular da pasta disse que a secretária irá tomar novas precauções. “Dada a preocupação vamos nos reunir com a área técnica e mensurar esse risco avaliado”, prometeu.

Foto: Fabiano do Amaral 

Reforma

Também estavam representando a Gestão Municipal, o engenheiro responsável pela reforma, Alexandre Cavagni, e a chefe de Equipe de Patrimônio Histórico e Cultural de Porto Alegre (Epahc), Débora Magalhães da Costa. Os dois deram detalhes de como está a situação da estrutura, e do que irá ser feitos nos próximos meses.

Segundo Cavagni, o cirex (revestimento característico do viaduto), está 80% comprometido, assim como as lojas apresentam infiltrações e problemas na parte elétrica “Isso tudo vai ser verificado nesta obra”, ressaltou. Debóra citou a importância da restauração do Otávio Rocha para a cidade de Porto Alegre e destacou os cuidados por se tratar de um monumento tombado. “É uma reforma complexa começando pelo cirex, que se há muito tempo se estuda o que fazer”.

Lucas Volpatto, presidente do Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural de Porto Alegre-RS (Comphac), externou suas preocupações em relação à manutenção do monumento. “Será que o cirex irá durar cinquenta anos? Vai depender da manutenção da Prefeitura ”, assinalou. Ele também fez questionamentos em relação ao valor do investimento. “Será que esses R$ 13 milhões serão bem empregados? Eu preciso que a Prefeitura apresente uma política de conservação”, cobrou.

Além da substituição de todo o cirex, e recuperação dos elementos construtivos e decorativos, também estão previstas soluções para as instalações elétricas, telefônicas, sistemas de segurança e iluminação pública. A rede hidrossanitária também sofrerá adequações assim como sistema de drenagem. “Precisamos fazer intervenções mais que necessárias. Infiltrações e problemas estruturais”, pontuou Flores.

Apesar da reforma a questão da acessibilidade permanece sem solução. O que se sabe é que não haverá alterações na escadaria. “Não colocaremos rampa”, comentou Cavagni. Segundo ele, um modelo de elevador está sendo pensado ainda que nada esteja definido.

Permissionários

O começo da revitalização depende da saída dos comerciantes, ou permissionários como são conhecidos, os locatários das lojas localizadas na avenida Borges de Medeiros.

Adacir Flores, presidente da Associação Representativa e Cultural dos Comerciantes do Viaduto Otávio Rocha, foi um dos que mais falou. Ele relembrou sua história de décadas com o viaduto. Recordou as reformas e lutas ao longo dos anos, inclusive pela reforma que está por acontecer. Por fim, pediu esclarecimentos sobre o futuro dos permissionários, enquanto as obras estiverem ocorrendo. Emocionado, ele encerrou dizendo reafirmando seu compromisso com o monumento. “Não vou desistir do Viaduto Nunca”.

O secretário André Flores diz que a prefeitura já trata com os permissionários um local que possam ficar durante a reforma. “Não podemos deixar essas pessoas sem o seu sustento”. Porém, ele explicou que cada caso terá uma solução. “São tipos diferentes de comércio e negócio, então estamos tratamento individualmente cada caso.”

A prefeitura admite que um dos principais desafios depois da revitalização do Otávio Rocha será manter a estrutura livre da ação de vândalos. “A prefeitura lançou o A gente vive, a gente cuida, esperamos contar também com a população na conservação do monumento”, falou André Flores. 

 


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