Vereador critica plano da prefeitura para ciclovias

Vereador critica plano da prefeitura para ciclovias

Marcelo Sgarbossa condena postura do Executivo com relação ao tema

Luiz Felipe Mello

Adeptos elogiam Bike Poa, mas relatam falta de estrutura

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*Com a colaboração da repórter Bruna Cabrera

O vereador e ativista do uso da bicicleta, Marcelo Sgarbossa, considera o projeto Bike Poa maravilhoso, mas aponta alguns equívocos da prefeitura em relação à colocação das ciclovias. Para ele, quem transformou o jeito de encarar o transporte público na cidade foi a população e não o poder público.

Prefeitura quer triplicar estações do Bike Poa até 2018

"Passaram-se quatro anos daquele atropelamento coletivo na Cidade Baixa, mas as mortes no trânsito relacionadas a ciclistas continuam acontecendo. Mudou a cultura, a quantidade de pessoas usando a bicicleta. O poder público deveria ter puxado a frente e, ao invés de fazer isso, ficou para trás. Dos 400 quilômetros de ciclovias previstos, temos apenas 25. Temos pistas inacabadas e elaboradas de acordo com a ótica dos motoristas de carros", disse em entrevista ao Correio do Povo.

Segundo Sgarbossa, as campanhas educativas e ciclovias já estavam garantidas em 2009, com recursos oriundos dos 20% das multas de trânsito. "A administração da época não cumpriu, mas o Ministério Público condenou, dizendo que deveria cumprir. E agora a prefeitura encaminhou um projeto de lei retirando este vínculo, o que prejudica a obtenção de recursos. O Plano Diretor indicava que zonas periféricas precisavam mais de ciclovias do que outras regiões, casos da zona Norte e Sul. Na Restinga, a ciclovia, na realidade, é uma calçada pintada de vermelho", declarou.

O vereador ainda relatou que os usuários do Bike Poa convivem com problemas de manutenção. "Muitas pessoas acabam desistindo de usar pela falta de manutenção e pela falta de previsibilidade. Claro que é melhor ter do que não ter, mas queremos que seja bem feito. Fizemos um projeto de lei que estabelece um prazo para construção de novas ciclovias. É um jeito de forçar a prefeitura a cumprir prazos. Para o projeto andar como deveria ser, deveria trocar a gestão", resumiu Sgarbossa.

Sgarbossa acredita que a atual administração tenta agradar a todos, mas isso, segundo ele, nem sempre é possível. "A decisão é política. Não tem como agradar todo mundo. A convivência entre motoristas e ciclistas tem que ser digna para as duas partes. O que a gente observa na cidade é uma política rodoviária, através da construção de viadutos, do próprio binário. Acho que desta gestão não dá para esperar mais nada. A meta de 2014, por exemplo, era construir 50 quilômetros de ciclovias e não conseguiram atingir", concluiu.

Adeptos elogiam Bike Poa, mas relatam falta de estrutura

O projeto Bike Poa serviu para incentivar a população a andar de bicicleta, mas muitos adeptos relatam problemas e falta de estrutura da cidade para suportar o projeto. É o caso do servidor público Conrado Martins. "Já usei com bastante frequência, mas atualmente uso pouco porque tenho encontrado problemas no sistema. Vive travando e já levei mais de 30 minutos para liberar uma bicicleta. Acho que o sistema não é confiável", opinou. "O projeto é bom, mas falta estrutura", completou ele que costuma recorrer às estações da Casa do Estudante, da rua da República e da Usina do Gasômetro.

O publicitário Gustavo Zuchowski costuma usar o Bike Poa para ir ao trabalho. Ele conta que costuma passar 15 dias consecutivos usando as bicicletas do programa quando sua bike pessoal está na manutenção. "Não sou um cara que defendo a bicicleta, mas percebi que o uso como meio de transporte é muito válido. Levo o mesmo tempo de carro e sinceramente me deprimo quando tenho que andar de ônibus", revelou.

Zuchowski comentou que já enfrentou problemas no aplicativo que libera a bicicleta e já encontrou bikes com defeito. "Foram poucas vezes, mas acho que o sistema pode melhorar. Fico triste quando não tem bicicleta. Já cheguei a sair antes do serviço para garantir porque nos horários de pico é complicado", admitiu.

A bacharel em Direito Júlia Coutinho afirmou que o projeto é muito bom e que normalmente usa para ir à escola de teatro. "Eu costumo usar mais no verão e pago mensalmente. Faço oficina de teatro e como o ônibus que pego é bem concorrido, prefiro andar de bicicleta. Acho a ideia bacana, até porque é saudável. Gostaria apenas que estivesse mais presente em parques de Porto Alegre. Temos estações e bicicletas, mas sem mais ciclovias fica complicado”, disse.

A jornalista Aline Merladete veio de Santa Maria para Porto Alegre e se apaixonou pela iniciativa. Embora utilize o projeto para passeio, ela não esconde o desejo de ver o programa crescer e cogita utilizar as bicicletas alugadas para trabalhar. "Eu confesso que costumo andar nos lugares que contam com ciclovia, até porque tive um amigo que sofreu um acidente quando andava perto do Beira-Rio. Costumo ir até o Gasômetro, Redenção e Museu Iberê Camargo e me sinto segura neste percurso. Se tivessem mais ciclovias, poderia pensar no uso diário", garantiu.


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