Via histórica de Porto Alegre, rua Voluntários da Pátria sofre com a deterioração

Via histórica de Porto Alegre, rua Voluntários da Pátria sofre com a deterioração

Abandono de edifícios e vulnerabilidade social se misturam em um dos principais acessos da Capital

Felipe Faleiro

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Entre as principais ruas de Porto Alegre, está a Voluntários da Pátria, importante via de acesso entre o Aeroporto Internacional Salgado Filho e a região central. Idealizada e construída ainda no século XIX, ela começa no Centro Histórico, onde há uma grande área de comércio popular, e termina no bairro Farrapos, rasgando a região praticamente em linha reta. No entanto, abaixo do viaduto da Conceição, vagam muitos moradores de rua, além de haver trânsito de carrinheiros, situação agravada à medida que se avança na via, especialmente na área da Vila dos Papeleiros.

As fachadas dos edifícios, muitas delas danificadas e abandonadas, revelam que se está transitando por uma área igualmente histórica, porém desgastada pela ação do tempo. Algumas delas ainda conservam, com tinta apagada, as marcas e contatos empresas outrora existentes. Hoje, em muitos casos, as paredes destes locais são povoadas, muitas vezes, por restos de vegetação, bem como placas oferecendo serviços e anunciando produtos diversos. Outros abrigam negócios como pousadas e empresas de coleta e reciclagem de resíduos.

Quem está na calçada olha com desconfiança. Poucos se expressam ali. O movimento na rua é constante, e câmeras vigiam os transeuntes. Postos de gasolina e outras lojas recebem clientes durante todo o dia. Em uma loja de ferramentas prestes a encerrar as atividades depois de mais de seis décadas, um funcionário que não quis se identificar disse que “não visualiza tantos problemas”, mas é necessário cuidado ao circular pela região à noite. “É preciso ter mais segurança”, relatou.

Uma placa na frente do estabelecimento agradece aos clientes pela confiança no período de funcionamento do local, cujo dono está se aposentando. Perguntado se ali não poderia virar mais um edifício abandonado, o funcionário responde: “Tomara que não”. Por isso, ainda que as obras do Quadrilátero Central incluam a parte da via que passa pelo Centro Histórico, existe a impressão de que há mais de uma rua Voluntários da Pátria na Capital. À medida que os edifícios se avolumam, a vulnerabilidade social se amplia. 

Anunciado no final do ano passado pela Prefeitura, o projeto +4D busca revitalizar e trazer investimentos empresariais ao 4º Distrito. O contraste, porém, é visível com a situação social vivenciada por muitos que empreendem ou vivem ali, da mesma forma como ocorre com a avenida Farrapos, também relatada pela reportagem. Procurada para um posicionamento, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS) disse que a região “é área prioritária de atenção da Prefeitura, não só pelo acúmulo de problemas e desafios, mas ainda porque está em uma região quase central e de grande fluxo da cidade”. 

“Este conjunto de ações integradas que já são realizadas e o futuro de investimento ali previsto tendem a alterar de forma importante a configuração daquela realidade”, afirma o titular da secretaria, Léo Voigt. Conforme a SMDS, existe um esforço para fortalecer os programas da sociedade civil operantes na área, como o Centro Social Marista e a Associação Cultural Vila Flores, entre outros, bem como da melhoria das condições de maneira geral. “A região é ocupada por trabalhadores, legítimos e estruturados, que moram ali, e por muitas pessoas envolvidas com a reciclagem, mas também é por pessoas que precisam, de alguma forma, ser melhor averiguadas pelo tipo de atividade que desenvolvem”, salienta a secretaria.


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