Voluntárias confeccionam máscaras para doação na Capital

Voluntárias confeccionam máscaras para doação na Capital

Trabalho se soma a iniciativas de combate ao contágio do Coronavírus

Felipe Samuel

Clarissa confecciona máscaras para doação

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No momento que o país enfrenta a pandemia do novo coronavírus, muita gente se sensibiliza com as dificuldades enfrentadas por uma parte da população e auxilia os mais necessitados. O trabalho voluntário é o que mobiliza a aluna de pós-graduação em Moda, Mídia e Marketing, Clarissa Abbadie Auler. Ela decidiu transformar dor e conhecimento em solidariedade. Após ser diagnosticada com insuficiência cardíaca, ela foi obrigada a implantar um Cardioversor/Desfibrilador (CDI), equipamento capaz de detectar arritmias graves e tratá-las imediatamente através de estímulos elétricos. Em seguida, passou por um transplante de coração. 

Recuperada, decidiu produzir máscaras de pano personalizadas para doação. Desde o ano passado, ela passou a confeccionar máscaras e distribuir a crianças que fazem tratamento contra o câncer. A inspiração surgiu a partir de dois exemplos: de uma apresentadora que usou máscara após passar por um tratamento contra o câncer e do projeto Um Novo Olhar Brasília, criado para a distribuição gratuita de máscaras a pessoas imunodeprimidas ou imunussuprimidas em virtude de tratamentos.

Ao tomar conhecimento da iniciativa do Distrito Federal, Clarissa passou a fazer parte do grupo, que tem sede em Brasília, no ano passado. Em Porto Alegre, junto com mais três voluntárias, ela produz o material para distribuição, atualmente, a amigos, familiares e conhecidos. Antes do surgimento da Covid-19 em solo gaúcho, a entrega ocorria no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, mas em função da exigência de infectologistas, deixou de distribuir os produtos no local.

Apesar da medida preventiva dos infectologistas, ela lembra que o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, já recomendou à população para que faça sua própria peça de proteção, com pano e elástico. "Não é um escudo de proteção, é uma aliada contra Covid-19", observa. As máscaras de proteção são produzidas com tecido tricoline, 100% algodão, e em cores e desenhos variados. Todo material utilizado é resultado de doações, uma vez que Clarissa não aceita repasse em dinheiro. "A máscara evita que as pessoas possam colocar a mão no rosto. Se tossir e espirrar, tem essa proteção", destaca. Desde que iniciou a produção dos materiais, ela projeta ter distribuído 1,5 mil itens. Para higienização da máscara, Clarissa sugere uso de água morna e sabão antibactericida.

A ideia de iniciar produção de máscaras foi uma forma de melhorar a qualidade de vida após as cirurgias. Ela classifica o gesto como 'sustento da alma' e explica que, em média, são produzidas 20 máscaras por dia. "Era um momento delicado da minha vida, e decidi transformar minha dor em uma coisa bonita", justifica. A microempreendedora Ângela Matos é outro exemplo de dedicação. A sobra do material utilizado para confecção de cortinas, almofadas e lençóis para escolas infantis passou a ter outro destino. Com o resto dos tecidos, ela decidiu produzir máscaras para doar e vender. Em meados de março, Ângela passou a usar estoque de sobras e confeccionar, em média, 30 máscaras por dia.

Pelo menos 20% das máscaras descartáveis produzidas no atelier são distribuídas à população carente. A versão em tecido liso é vendida a R$ 7 e a estampada, com tecido 100% algodão, a R$ 10. "Vi que tinha bastante necessidade do pessoal procurando por máscara. Antes disso tudo (pandemia), fui à farmácia para comprar e já não tinha mais esse tipo de máscara para comprar. Como tinha bastante material estocado, bastante retalho, então vi necessidade de fazer", destaca.


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