Jovens criam game que resgata terror psicológico em ilha do Guaíba

Jovens criam game que resgata terror psicológico em ilha do Guaíba

Projeto foi desenvolvido pela Utopia Game Studio e está à procura de investidores

Lou Cardoso

Jogo "Ilha do Presídio" foi criado pelos estudantes Natália Cruz, Eduardo Carangi e Eduarda Lacerda que formam a Utopia Games

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Um projeto que começou dentro da sala de aula agora tenta dar os passos iniciais para ingressar no mercado brasileiro de video games. É o jogo "Ilha do Presídio", que pretende colocar o espectador imerso no período sombrio da ditadura militar na ilha do Guaíba. O game é protagonizado por uma repórter que vai até o local com o objetivo de descobrir evidências históricas que foram encobertas. Lá, a personagem começa a ter visões do que aconteceu na época da ditadura e cria situações apenas com o medo que sente de estar no local.




Os responsáveis pelo projeto são os estudantes Natália Cruz, Eduarda Lacerda e Eduardo Carangi, que formam a Utopia Games Studio. Eles esclarecem que o game será focado em uma releitura com flashbacks e a sensação de estar sendo perseguido cria o terror psicológico. "Nosso maior foco não é fazer uma releitura, e nem recriar o ambiente da ditadura militar, mas transmitir o medo que as pessoas sentiam na época", explica a artista 2D, Eduarda.

A programadora Natália Cruz disse que também será possível sentir o que era o temor através de acontecimentos e reviravoltas ao decorrer do jogo. "Estamos tentando fazer esta personagem, que não viu a ditadura, mostrar o que era este medo. Ela acha que iria ser só mais um trabalho comum, mas acaba se surpreendendo", conta.

No entanto, Eduarda Lacerda já antecede que não será um terror para se assustar facilmente, com monstros e fantasmas. Segundo ela, este gênero já está saturado para os fãs. "Percebemos que o menos é mais. A nossa proposta é deixar que o próprio jogador se assuste, e que ele crie o terror psicológico dentro dele", revela. A intenção é abrir as portas para o grupo no mercado de games no Brasil e também no exterior. "O mercado de fora está saturado de cultura japonesa. Este jogo pode ser bem visto lá fora, porque vai trazer uma coisa nova, porque eles não têm alguma referência nossa", diz.

A fase de testes do jogo, primameiramente, passou por amigos e familiares, e depois seguiu para os eventos de games. Conforme o modelador da Utopia, Eduardo Carangi, o feedback dos jogadores foi empolgante para o grupo. "A gente conseguia fazer as pessoas se sentirem dentro daquele ambiente. Detalhes que eram simples para nós, realmente surpreendiam as pessoas", relatou.

À procura de investimento

O jogo está sendo criado em uma parceria da Utopia Games Studio com a Triforce, que é uma empresa que acolhe projetos de estudantes e desenvolvedores novatos, e da Epopeia, que é a empresa de jogos que dá suporte técnico, principalmente na parte de designer. Por enquanto, a "Ilha do Presídio" existe apenas em versão demo. "Estamos tentando atrair investidores para ver o jogo e poder fazer a versão completa", declarou Natália.

A responsabilidade por retratar o cenário da "Ilha do Presídio" ficou para Eduardo. Ele disse que as referências vieram basicamente de pesquisas na internet e documentários sobre o tema.  

Segundo Natália, tudo começou em uma cadeira de projeto no curso da Ftec. Ela aceitou a sugestão do professor em realizar um jogo ambientado no Brasil. "O nosso professor nos deu a ideia, e daí eu lembrei de um documentário que eu tinha visto há muito tempo que era sobre a Ilha do Presídio. Como o tema da ditadura estava novamente sendo abordado com protestos, a gente formulou o projeto", relembrou.

Agora o próximo passo é viabilizar o "Ilha do Presídio" tanto para o Brasil quando para o exterior. "Começamos a divulgar na internet e pensamos em criar um crowfunding ou tentar a Lei Rouanet", afirma Natália. "Mas por enquanto estas opções não estão tão viáveis", disse a programadora que continuará a a procura de outras formas de avançar no projeto com a Triforce e a Epopeia. 

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