À sombra de Notre-Dame, "coletes amarelos" protestam na França

À sombra de Notre-Dame, "coletes amarelos" protestam na França

Pelo 23º sábado consecutivo, manifestantes se reuniram nas ruas de diversas cidades

Correio do Povo

Manifestantes entraram em confronto próximo à praça da Bastilha

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Os "coletes amarelos" voltaram às ruas de Paris e várias cidades francesas neste sábado para um novo "ultimato" ao presidente Emmanuel Macron, ao final de uma semana dominada pelo incêndio em Notre Dame. Em seu 23º final de semana, os manifestantes se reuniram na expectativa de anúncios de reformas pelo chefe de Estado, que estavam previstas para segunda mas foram postergadas em razão do incidente na Catedral.

A mobilização pareceu se dividir sobre o acidente. "Notre-Dame não somos nós", podia se ler em alguns cartazes. Logo ao lado, alguns exibiam faixas como "Eu sou Notre-Dame". Já as promessas de centenas de milhões de euros para a reconstrução do local também deixaram um sentimento compartilhado.

"É uma coisa boa esse dinheiro, mas quando vemos o que pode ser desbloqueado em poucas horas...", resumiu o manifestantes Jean François Mougey à revista Le Nouvel Observateur. Outros, como Jérôme Rodrigues, preferiram se recuperar da controvérsia nascida após a decisão das maiores fortunas francesas de doar centenas de milhões de euros. "Os coletes amarelos agradecem aos generosos doadores bilionários ajuda para Notre-Dame e pedem a eles para fazerem a mesma coisa com os Miseráveis", escreveu no Facebook.

Até às 13h locais, a polícia havia realizado 11.062 ações preventivas e prendido 126 pessoas, "principalmente por transportar material ofensivo". Outros 56 estavam sob custódia ao meio-dia, de acordo com o procurador de Paris. Como nas últimas semanas, as autoridades não permitiram manifestações de lugares emblemáticos, como a Champs-Élysées, o hipercentro de Lyon ou a Praça do Capitólio em Toulouse.

O prefeito da polícia de Paris também proibiu qualquer reunião perto da Catedral de Notre-Dame. Isso seria "pura provocação", decidiu Didier Lallement. "Não é razoável deixar passar protestos de cinco a 10 mil pessoas nas proximidades", disse, evocando os milhares de visitantes que se reúnem no ponto, o principal ponto turístico europeu.

Quatro caminhadas aconteceram em Paris, epicentro dos protestos, dois autorizados pelas autoridades: o primeiro saiu ao meio-dia de Bercy em direção à Praça da República, e o segundo saiu da basílica de Saint-Denis para chegar à Estação Jussieu. Os dois proibidos saíram de Bercy rumo ao bairro Halles e à Praça de l'Étoile.

No início da tarde, os manifestantes estavam contidos principalmente pela polícia em um perímetro que ia da Praça da Bastilha até a estação do metrô Richard-Lenoir. Uma barricada foi incendiada perto da Bastilha, causando confusão. O clima era de tensão conforme a AFP e as forças de segurança chegaram a usar gás lacrimogêneo.

"Macron é lento em anunciar suas medidas. Enquanto ele não responde à maioria de nossas reivindicações, como RIC (referendo iniciativa dos cidadãos), nós estaremos nas ruas", disse Yolande Rodrigues, um desempregado de 47 anos que participou da quase todas as mobilizações nacionais dos "coletes amarelos”.


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