Índia cancela primeira missão ao polo sul da Lua

Índia cancela primeira missão ao polo sul da Lua

Problema técnico teria impedido lançamento adiando operação

AFP

Expectadores aguardavam para acompanhar lançamento em telão

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Cinquenta e seis minutos e 24 segundos antes do horário previsto, a Índia cancelou nesta segunda-feira por um "problema técnico" o lançamento ao espaço de sua missão lunar, o que adiou a ambição do país de virar a quarta nação a pousar um aparelho na Lua.

A Agência Espacial Indiana (ISRO) pretendia lançar nesta segunda-feira às 2h51min (18h21min de Brasília, domingo) a missão Chandrayaan-2 - carro lunar em hindi - a partir da base de Sriharikota, sudeste do país. A expedição deveria pousar no dia 6 de setembro um módulo de descida e um robô no polo sul da Lua, a 384 mil quilômetro da Terra.

"Um problema técnico foi detectado no sistema de lançamento do veículo no minuto T -56", afirmou a ISRO no Twitter, sem especificar o tipo de incidente. "Como medida de precaução, o lançamento da Chandrayaa-n2 foi cancelado por hoje. A nova data de lançamento será anunciada em breve", completou a agência. A missão faria da Índia o quarto país a realizar uma alunissagem e o primeiro a colocar uma sonda no polo sul do satélite natural da Terra, onde foi detectada a presença de gelo, crucial para uma eventual colonização da Lua e como combustível para missões interplanetárias.

O anúncio do adiamento da missão aconteceu pouco depois da fase de abastecimento com hidrogênio líquido do motor criotécnico - baseado na associação de oxigênio e hidrogênio em estado líquido do foguete GSLV-MkIII, o mais potente lançador indiano, equivalente a um foguete europeu Ariane 4. "Acredito que se o (novo) lançamento não acontecer nas próximas 48 horas, pode ser adiado por vários meses até que tenhamos uma janela de lançamento oportuna" declarou à AFP Ravi Gupta, ex-cientista da agência militar "Defence Research and Development Organisation" (DRDO).

A Chandrayaan-2 inclui um orbitador lunar, um módulo de descida e um rover (veículo de exploração), um dispositivo com peso conjunto de 3,8 toneladas. Nova Delhi destinou 140 milhões de dólares - uma quantia muito inferior a das outras grandes agências espaciais para este tipo de missão - para a Chandrayaan-2.

A missão do Pragyan, o rover indiano, que pesa 27 quilos, é procurar no solo lunar rastros de água e "sinais fósseis do sistema solar primitivo", indicou a ISRO. O veículo, propulsado por energia solar, deve, a princípio, funcionar durante um dia lunar, o equivalente a 14 dias terrestres, e pode percorrer até 500 metros.

A missão indiana é parte de um contexto de intensificação do interesse internacional pela Lua, visitada por seres humanos pela última vez em 1972. Vários países planejam intensificar a exploração do satélite. O governo americano pediu à Nasa que volte a enviar astronautas à Lua em 2024. O retorno à Lua é considerado uma etapa inevitável na preparação dos voos tripulados para outros planetas, começando por Marte.

O projeto Chandrayaan-2 é a segunda missão lunar da Índia, que há 11 anos, na missão Chandrayaan-1, colocou uma sonda em órbita ao redor da Lua. O programa espacial indiano se destaca por combinar objetivos ambiciosos com recursos muito menores que os de outro países, o que não impede o rápido avanço. A ISRO pretende enviar até o fim de 2022 três astronautas ao espaço, em seu primeiro voo tripulado. Também aspira construir sua própria estação espacial nos próximos 10 anos.


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