Acordo sobre Jogos de Inverno não desarmará a Coreia do Norte
Coreias se reuniram depois de dois anos para resolver questões militares
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Isso acontece depois de dois anos de crescentes tensões na península coreana devido à intensificação dos programas nuclear e balístico de Pyongyang. "Ambas as partes queriam uma vitória e a conseguiram", comenta John Delury, professor da Universidade Yonsei, em Seul. "Seul queria que o Norte - que boicotou os Jogos Olímpicos de 1988 na capital sul-coreana - participasse na competição da paz, como chama", explicou. "O Norte, por sua vez, não demonstrou o menor interesse em ir aos Jogos até o discurso de fim de ano de seu líder Kim Jong-Un. E continuou realizando seus programas nuclear e balístico, apesar das sanções da ONU", acrescentou.
Contenção estratégica
A participação norte-coreana constitui a garantia tácita de que Pyongyang se absterá de qualquer provocação em fevereiro e março, ou seja, durante a celebração dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Seul e Washington aceitaram previamente adiar até depois dos Jogos seus exercícios militares anuais conjuntos, que Pyongyang considera como o teste de uma invasão.
Para Go Myong-Hyun, analista do Instituto Asan de Estudios Políticos de Seul, o Norte criou uma "contenção estratégica", um escudo contra um eventual bombardeio americano que a administração Donald Trump apresenta regularmente como uma opção. "Washington não poderá adotar medidas militares contra o Norte durante as conversações intercoreanas para não ser acusado de entorpecê-las", acrescentou.
Mas o que vai acontecer uma vez tenham passado os Jogos de Pyeongchang e que a geopolítica voltar a seu estado delicado na península? "Resta saber se esta nova situação pode ser explorada para promover a paz e a segurança além dos próprios Jogos", escreve Scott Snyder, do Conselho de Assuntos Estrangeiros.
Apesar dos acordos obtidos na terça, a Coreia do Norte não prometeu nada no que se refere a seus programas nuclear e balístico, e o chefe da delegação norte-coreana não escondeu seu enfado quando esta pergunta foi feita.
Divisão
Ri Son-Gwon explicou aos jornalistas que a desnucleirização não era uma tema a debater entre as duas Coreias. "Os Estados Unidos são o objetivo de todas as nossas bombas nucleares", afirmou. Segundo os analsitas, Seul poderá se ver entre a cruz e a espada, entre seu desejo de melhorar as relações com Pyongyang e de trabalhar com Washington para conseguir a desnuclearização do Norte. Os Estados Unidos insistem que as conversações devem resultar na desnuclearização total e verificável da Coreia do Norte. "Já conhecemos a razão da súbita vontade norte-coreana de participar nos Jogos Pyeongchang", afirma um editorial do jornal sul-corano Chosun Ilbo. "É a vontade de dividir os governos sul-coreano, que quer conversações intercoreanas, e americano, que quer a desnuclearização do Norte".
O presidente sul-coreano Moon Jae-I, que foi eleito em maio com uma mensagem a favor do diálogo com o Norte, voltou a defender nesta quarta-feira a opção diplomática para resolver a crise entre as Coreias, um dos temas mais delicados do mundo. Mas Washington exige o fim dos testes nucleares antes de qualquer negociação com a Coreia do Norte.