Ajuda humanitária deve entrar em Gaza no sábado, afirma ONU

Ajuda humanitária deve entrar em Gaza no sábado, afirma ONU

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, acredita que os primeiros caminhões com a assistência chegarão ao enclave "nas próximas 24 a 48 horas"

AFP

Soldados das forças especiais do Egito de prontidão em frente a fronteira entre o país e Gaza, Em Rafah

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A ONU afirmou, nesta sexta-feira (20), que os caminhões com ajuda humanitária entrarão, como prazo mais rápido, no sábado na Faixa de Gaza, onde a população palestina aguarda desesperada a chegada de produtos básicos sob os intensos bombardeios de represália de Israel, após o ataque de 7 de outubro do movimento islamista Hamas.

A ajuda humanitária internacional deve começar "amanhã (sábado) ou depois" a entrar no território palestino, disse o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, acredita que os primeiros caminhões com a assistência chegarão ao enclave "nas próximas 24 a 48 horas".

Cerca de 175 caminhões com medicamentos, comida e água aguardam na fronteira com o Egito, perto da passagem de Rafah, o único ponto de entrada para a Faixa de Gaza que não é controlado por Israel.

Mais de 2,4 milhões de pessoas vivem em condições precárias neste empobrecido território de 362 km², uma situação descrita como "mais que catastrófica" pelas Nações Unidas.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, esteve em Rafah e pediu a aceleração do processo de entrada do comboio. "Estes caminhões não são só caminhões, são salva-vidas, representam uma diferença de vida ou morte para tanta gente em Gaza", declarou.

Ao menos 4.137 pessoas morreram no enclave palestino nos bombardeios lançados por Israel em resposta à mortal ofensiva do Hamas de 7 de outubro, conforme o Ministério da Saúde palestino.

O grupo islamista palestino Hamas atacou Israel por terra, mar e ar, deixando mais de 1.400 mortos, a maioria civis, segundo o exército. Também capturou 200 pessoas, a maioria das quais está viva, segundo a mesma fonte.

Um porta-voz do braço militar do Hamas, que governa desde 2007 a Faixa de Gaza, indicou que uma mulher americana e sua filha foram liberadas "por motivos humanitários, após a mediação do Catar".

Israel prometeu "aniquilar" o grupo islamista e libertar os reféns. Desde então, dezenas de milhares de soldados esperam em frente ao enclave para uma possível invasão terrestre.

Uma gota d'água

Na Faixa de Gaza, bairros inteiros foram destruídos pelos bombardeios israelenses e seus habitantes sobrevivem em meio a uma escassez de água, alimentos e combustível.

Depois do ataque do Hamas, Israel impôs um cerco total ao enclave e ordenou a evacuação do norte do território para uma possível invasão.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou na quinta-feira que o número total de deslocados dentro da Faixa, já bloqueada por Israel desde a chegada do Hamas ao poder, "pode ter chegado a um milhão".

Após uma visita a Israel na quarta, Biden anunciou um acordo com o homólogo do Egito, Abdel Fatah al Sissi, para permitir a entrada de um primeiro comboio de até 20 caminhões.

Mas o acordo é uma "gota de água no oceano das necessidades", disse o diretor para situações de emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan. "Seriam necessários 2.000 caminhões".

Biden indicou na quarta-feira que a entrada de um segundo comboio dependeria de "como corre a distribuição do primeiro". "Se o Hamas os confiscar ou não permitir a passagem (...), então será o fim", advertiu.

Uma fonte de segurança egípcia informou à AFP que os blocos de concreto instalados no cruzamento após o início dos bombardeios israelenses já foram removidos. Os egípcios também estão correndo para reparar a rota que leva ao território.

Ameaça de ofensiva terrestre

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, visitou suas tropas na linha de frente, perto de Gaza, onde pediu que "lutem como leões" e "vençam com toda a força necessária".

"Agora vocês observam Gaza de longe, em breve a verão por dentro", disse o ministro da Defesa, Yoav Gallant, às tropas na quinta-feira.

Foguetes também foram lançados a partir do território palestino contra Israel, segundo os correspondentes da AFP.

"Qualquer nova escalada ou mesmo continuação das atividades militares será simplesmente catastrófica para o povo de Gaza", observou o alto comissário da ONU para os refugiados, Filippo Grandi.

O Hamas denunciou na quinta-feira que um ataque israelense provocou 16 mortes na igreja ortodoxa grega de São Porfírio em Gaza.

As forças israelenses afirmaram que uma parede do templo foi danificada por um ataque de sua aviação contra um centro de comando do movimento islamista e indicaram que o incidente está sendo analisado.

A tensão também é elevada na Cisjordânia, o outro território palestino ocupado por Israel, onde pelo menos 81 pessoas morreram desde o início do conflito, e na fronteira com o Líbano, cenário de ataques entre as tropas israelenses, o grupo Hezbollah e milícias palestinas.

Diante dos incidentes, Israel ordenou nesta sexta-feira a evacuação da cidade de Kiryat Shmona.

Biden solicitou nesta sexta-feira ao Congresso dos Estados Unidos um pacote de ajuda de mais de 105 bilhões de dólares (RS 528,35 bilhões), que inclui 14 bilhões (R$ 70,45 bilhões) para Israel.

No entanto, este plano orçamentário pode ficar bloqueado devido ao caos na Câmara dos Representantes, que está nas mãos da oposição.

Em sua viagem a Israel, o presidente americano quis conter a possibilidade de que o conflito se amplie para outros países do Oriente Médio.

A guerra tem inflamado paixões em toda a região, com protestos em vários países, especialmente no Egito, onde milhares de pessoas lotaram a emblemática praça Tahrir em apoio a Gaza.


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