Alemanha e Israel chegam a acordo sobre indenização 50 anos após os Jogos de Munique

Alemanha e Israel chegam a acordo sobre indenização 50 anos após os Jogos de Munique

Estado da Baviera e cidade de Munique pagarão por volta de 28 milhões de euros às famílias das vítimas do ataque

AFP

Ataque ocorreu nas Olimpíadas de Munique, em 1972

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Cinquenta anos depois da sangrenta tomada de reféns nos Jogos Olímpicos de Munique, o governo alemão e as famílias das vítimas israelenses conseguiram chegar a um acordo sobre indenizações.

Segundo uma fonte governamental, o Executivo federal, o estado da Baviera e a cidade de Munique pagarão por volta de 28 milhões de euros às famílias das vítimas do ataque, que terminou com a morte de 11 atletas israelenses em uma operação de resgate caótica.

O acordo coloca um ponto final nas negociações confidenciais que duraram décadas, e chega dias antes do aniversário de 50 anos do ataque terrorista. "O governo federal aplaude o acordo com as famílias das vítimas", declarou o porta-voz do governo alemão, Steffen Hebestreit.

Por sua vez, o presidente israelense, Isaac Herzog, expressou "gratidão" à Alemanha pelas indenizações, que têm como objetivo reparar uma "injustiça histórica".

Documentos desclassificados

Meio século depois, nem Alemanha nem Israel se esquecem do "Massacre de Munique".

Em 5 de setembro de 1972, oito integrantes da organização palestina "Setembro Negro" entraram em um apartamento da delegação israelense na vila olímpica e mataram dois atletas israelenses. Também levaram nove membros da delegação como reféns, com a esperança de trocá-los por 232 prisioneiros palestinos.

A intervenção do serviço de segurança alemão na base militar de Fürstenfeldbruck, a cerca de 30 quilômetros de Munique, terminou com a morte de todos os reféns, um desfecho sangrento do qual as autoridades da Alemanha Ocidental foram apontadas como parcialmente responsáveis. Na operação, nove terroristas palestinos foram mortos e outros três detidos.

Além das indenizações, o acordo prevê o estabelecimento de uma comissão de historiadores alemães e israelenses que terá acesso a documentos classificados para esclarecer o ataque e o fiasco da operação policial.

Com o acordo, a Alemanha "cumpre com sua obrigação histórica com as vítimas e suas famílias, no contexto da relação especial teuto-israelense", acrescentou Hebestreit.

Ameaça de boicote

Após o anúncio do acordo, os presidentes de Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, e Israel, Isaac Herzog, confirmaram presença na cerimônia de homenagem que acontecerá na segunda-feira na Baviera. "Quero expressar minha gratidão por este passo importante dado pelo governo alemão", disse Herzog em comunicado.

No dia 11 de agosto, os parentes das vítimas chegaram a advertir que boicotariam as homenagens previstas na segunda, na Alemanha, pelo 50º aniversário da tragédia, por considerarem insuficientes as indenizações propostas por Berlim.

Os familiares exigiam "desculpas públicas" das autoridades alemãs por "todos os erros" e "mentiras" no caso, e a "abertura de todos" os arquivos, além de uma "compensação justa".

Antes de chegar aos valores do acordo divulgado hoje, o governo alemão tinha proposto uma indenização de 10 milhões de euros no total para os 23 parentes diretos das vítimas, pagando agora 5,4 milhões de euros, que se somariam aos 4,5 milhões pagos em 1972 e 2002. Ankie Spitzer, porta-voz dos familiares, afirmou então que tal oferta era um "insulto".


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