Aliado de Netanyahu, presidente do Parlamento de Israel renuncia

Aliado de Netanyahu, presidente do Parlamento de Israel renuncia

Yuli Edelstein, membro do partido Likud, de Netanyahu, e que era presidente do Parlamento há sete anos, decidiu renunciar

AFP

Anunciando sua demissão durante a sessão legislativa, Edelstein criticou duramente o Tribunal Supremo

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O presidente do Parlamento de Israel, um aliado do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, Yuli Edelstein renunciou nesta quarta-feira. A decisão abriu o caminho para uma votação que pode resultar na eleição de um rival do chefe de Governo em um país mergulhado em uma longa crise política.

A demissão representa um novo revés para Netanyahu, que é acusado de corrupção em três casos e que não foi encarregado de formar o próximo governo após as eleições legislativas de 2 de março. Seu adversário, Benny Gantz, que atualmente tenta formar um governo, poderia tentar colocar um de seus aliados na chefia do Parlamento. Seria, então, mais fácil para os adversário de Netanyahu aprovarem uma lei que impeça pessoas com a ficha suja de assumirem a chefia de governo.

Yuli Edelstein, membro do partido Likud, de Netanyahu, e que era presidente do Parlamento há sete anos, decidiu renunciar para evitar ter que acatar uma ordem exigida pelo Supremo Tribunal três semanas depois de as eleições legislativas, organizar a eleição de seu sucessor até a meia-noite desta quarta como desejava a maioria dos deputados.

Edelstein criticou duramente o Tribunal Supremo, acusando-o de fazer "uma intervenção arrogante da justiça nos assuntos do poder legislativo eleito". A alta corte "fragiliza as bases da democracia israelense", acrescentou, afirmou que não desejaria que Israel afundasse na anarquia".

Crise política

Visto que sua demissão não surtirá efeito em até 48 horas, é obrigado a organizar a eleição de um sucessor, informou o procurador-geral Avichai Mandelblit em um comunicado. No entanto, Edelstein, que poderia ser acusado de desacato, reiterou sua negativa de desobedecer o Tribunal. "Minha consciência não me permite respeitar o julgamento (do Tribunal), por isso renunciei", disse em um comunicado.

Gantz assegurou que o Parlamento "pertence aos cidadãos israelenses e os deputados devem respeitar as leis do Estado de Israel e as decisões da justiça". "Ninguém está acima da lei", escreveu no Twitter.

A demissão ocorre em plena crise política, pois três eleições em menos de um ano não permitiram a formação de um governo. À paralisia política, soma-se agora a crise sanitária do novo coronavírus, que em Israel contabiliza 2.030 contágios e cinco mortes.

Ao anunciar sua demissão, Edelstein pediu a formação de um governo de união para gerenciar a epidemia. "Todos devemos agir e nos unir", declarou.

Após as legislativas, Gantz foi encarregado de formar um governo graças ao apoio de 62 deputados contra 58 para o primeiro-ministro em fim de mandato. Mas, com uma paisagem política dividida, não é certo que Gantz consiga formar uma coalizão estável.

Netanyahu tem pedido incessantemente a formação de um governo de união em que ele e Gantz se alternariam no poder. Mas Gantz não quer que o governo tenha à frente alguém com problemas na justiça, caso de Netanyahu, investigado por corrupção em três casos diferentes.


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