Altas temperaturas na Europa devem causar perdas econômicas no setor agrícola

Altas temperaturas na Europa devem causar perdas econômicas no setor agrícola

Na Alemanha, associações de produtores agrícolas estimam prejuízo superior a US$ 1 bilhão

AE

Onda de calor atinge a região desde a semana passada

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A onda de calor que assola a Europa desde a semana passada tem levado diversas regiões do continente a baterem índices inéditos de temperatura, mesmo em locais acostumados apenas com o frio. Os resultados devem levar perdas econômicas e até mesmo crise política a certas regiões.

Na Suíça, a cidade de Sion registrou no último domingo 36,2ºC. O local à beira dos Alpes chegou perto de seu antigo recorde de 37,8ºC. Na última semana, fazendeiros pediram a ajuda do exército suíço para levar água até vacas que, durante o verão, ficam em regiões de maior altitude. Nove operações já foram realizadas, com milhares de litros sendo transportados para regiões montanhosas de Saint Gallen.

Na Finlândia, o município de Rovaniemi, conhecido como o local do Papai Noel, registrou temperaturas inéditas de 32ºC. Tradicionalmente, a cidade do bom velhinho raramente vê o calor superar a marca de 25ºC durante o verão. Sem aparelhos de ar condicionado, a cidade admite que não estava preparada. Uma das cadeias de supermercados do país permitiu que as pessoas passassem alguns instantes nas lojas, para que elas pudessem aproveitar a temperatura mais baixa dos setores de congelados.

Na vizinha Suécia, o calor já fez com que o pico mais alto do país perdesse seus status de ponto mais elevado. O derretimento do pico do Monte Kebnekaise tem sido constante desde a semana passada, o levando a deixar de ter 2,1 mil metros de altitude. Já a temperatura do mar atingiu uma marca de recorde de 25ºC.

Na França, hospitais de algumas províncias não contavam com ar condicionado e o governo foi obrigado a anunciar medidas para instalar aparelhos às pressas. Na Bélgica, por sua vez, motoristas de ônibus exigiram uma mudança na lei para permitir que possam dirigir de bermuda, e não apenas calças.

Outro setor atingido é o dos reatores nucleares, que necessitam de água fria. Na Alemanha, algumas centrais reduziram a produção de energia para tentar se adaptar às novas temperaturas de operação.

Consequências

Politicamente, o calor também tem tido consequências. Na Grécia, o partido Nova Democracia quer que o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, renuncie diante dos incêndios que deixaram 90 pessoas mortas. Pelo menos um de seus ministros já abandonou o cargo.

Com relação ao setor econômico, a Europa também começa a fazer as contas do fenômeno natural. A Comissão Europeia adotou medidas para permitir que fazendeiros abandonem certas exigências de manutenção do meio ambiente para desviar água aos animais. Além disso, Bruxelas anunciou que está antecipando a distribuição de recursos que estavam programados para chegar aos fazendeiros apenas em dezembro. O objetivo é que o dinheiro possa compensar as perdas com as altas temperaturas e a falta de chuvas.

Ainda assim, os prejuízos agrícolas devem ser altos. No Reino Unido, a prejuízo com a produção de cenoura e cebola pode ser de 40%. Além disso, cerca de 25% da produção de batata da Alemanha deve ser reduzida, 60% da produção de milho na Holanda já foi gravemente afetada e 35% da produção de cereais da Suécia também foi impactada. Na Dinamarca, entre 40% e 50% da colheita desse período deve ser prejudicada, de acordo com o Conselho Agrícola do país. As perdas podem chegar a 944 milhões de dólares. Na Alemanha, associações de produtores agrícolas estimam prejuízo superior a 1 bilhão de dólares.

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