Análise para resolver mistério do voo MH370 começa na França

Análise para resolver mistério do voo MH370 começa na França

Peça encontrada em ilha francesa está sendo estudada em laboratório militar

AFP

Peça foi encontrada em 29 de julho

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Os especialistas iniciaram nesta quarta-feira no sul da França a análise do fragmento do Boeing 777 encontrado na ilha francesa de Reunião, provavelmente pertencente ao avião do voo MH370, desaparecido em março de 2014 no oceano Índico. Os investigadores começaram às 13h GMT (10h de Brasília), em um laboratório militar perto de Toulouse, a análise da peça encontrada em 29 de julho. Até o momento é impossível dizer quando os resultados serão divulgados.

As esperadas análises serão feitas na presença de representantes franceses, malaios, chineses e americanos, já que a aeronave pertencia a uma empresa malaia (Malaysia Airlines), o construtor (Boeing) era americano, a maioria dos passageiros (153) eram chineses e a justiça francesa assumiu o caso devido à presença de quatro pessoas desta nacionalidade a bordo do avião desaparecido.

Desde sua descoberta em uma praia do oceano Índico há uma semana, o fragmento de dois m2 da asa, chamado flaperon, "foi identificado oficialmente como um pedaço de Boeing 777", explicou no domingo o ministro malaio dos Transportes. "Foi verificado pelas autoridades francesas, pelo construtor Boeing, pela agência de segurança de transportes americana e pela equipe malaia", disse em um comunicado. Por isso, existe uma possibilidade real de que se trate do avião do voo MH370, do qual não se tem notícias desde 8 de março de 2014. Na região não há nenhuma outra aeronave deste modelo envolvida em um acidente. Mas os investigadores analisarão todas as hipóteses, afirmou Pierre Bascary, ex-diretor de testes da Direção Geral de Armamento francesa: "O trabalho de especialista é um trabalho metódico, onde é proibido partir de uma ideia pré-concebida".

Número de série, pintura e inscrições

Os investigadores começarão verificando a natureza da peça e de que tipo de avião procede, comprovando o número de série, os planos solicitados ao construtor, os materiais utilizados, os processos de fabricação, etc. O fragmento carrega a inscrição "657BB" que, segundo vários especialistas, indica que se trata de um flaperon de B777. A análise de traços de pintura e de certas inscrições deve ajudar os investigadores.

"Cada companhia aérea pinta seus aviões de certa forma e podemos identificar se é efetivamente uma pintura da Malaysia Airlines", explicou Jean-Paul Troadec, ex-diretor do Escritório de Investigação e Análises (BEA). "A companhia aérea pode ter acrescentado inscrições para a manutenção. A fórmula utilizada e a maneira de escrevê-la também darão uma ideia da origem do avião", acrescentou Bascary.

A estrutura metálica do objeto também será analisada "com os meios modernos físicos e químicos, particularmente com um microscópio de varredura eletrônica que aumenta a imagem em 100 mil vezes", afirmou o especialista.
O objetivo é estudar "as rupturas locais da peça" e ver se está danificada por um uso excepcional por parte dos pilotos. Segundo uma fonte próxima à investigação, as análises se concentrarão nos aspectos técnicos.

O estudo dos crustáceos instalados no flaperon, assim como a asa da mala encontrada na mesma praia e analisada em um laboratório da região de Paris, a princípio servirá pouco no que se refere à identificação do avião. No entanto, segundo certos especialistas a espécie e a idade dos crustáceos podem permitir dizer por quanto tempo a peça do avião estava na água, a temperatura desta e por quais lugares passou. Isso pode dar novos indícios sobre a zona de busca de novos destroços.

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