Análise para resolver mistério do voo MH370 começa na França
Peça encontrada em ilha francesa está sendo estudada em laboratório militar
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As esperadas análises serão feitas na presença de representantes franceses, malaios, chineses e americanos, já que a aeronave pertencia a uma empresa malaia (Malaysia Airlines), o construtor (Boeing) era americano, a maioria dos passageiros (153) eram chineses e a justiça francesa assumiu o caso devido à presença de quatro pessoas desta nacionalidade a bordo do avião desaparecido.
Desde sua descoberta em uma praia do oceano Índico há uma semana, o fragmento de dois m2 da asa, chamado flaperon, "foi identificado oficialmente como um pedaço de Boeing 777", explicou no domingo o ministro malaio dos Transportes. "Foi verificado pelas autoridades francesas, pelo construtor Boeing, pela agência de segurança de transportes americana e pela equipe malaia", disse em um comunicado. Por isso, existe uma possibilidade real de que se trate do avião do voo MH370, do qual não se tem notícias desde 8 de março de 2014. Na região não há nenhuma outra aeronave deste modelo envolvida em um acidente. Mas os investigadores analisarão todas as hipóteses, afirmou Pierre Bascary, ex-diretor de testes da Direção Geral de Armamento francesa: "O trabalho de especialista é um trabalho metódico, onde é proibido partir de uma ideia pré-concebida".
Número de série, pintura e inscrições
Os investigadores começarão verificando a natureza da peça e de que tipo de avião procede, comprovando o número de série, os planos solicitados ao construtor, os materiais utilizados, os processos de fabricação, etc. O fragmento carrega a inscrição "657BB" que, segundo vários especialistas, indica que se trata de um flaperon de B777. A análise de traços de pintura e de certas inscrições deve ajudar os investigadores.
"Cada companhia aérea pinta seus aviões de certa forma e podemos identificar se é efetivamente uma pintura da Malaysia Airlines", explicou Jean-Paul Troadec, ex-diretor do Escritório de Investigação e Análises (BEA). "A companhia aérea pode ter acrescentado inscrições para a manutenção. A fórmula utilizada e a maneira de escrevê-la também darão uma ideia da origem do avião", acrescentou Bascary.
A estrutura metálica do objeto também será analisada "com os meios modernos físicos e químicos, particularmente com um microscópio de varredura eletrônica que aumenta a imagem em 100 mil vezes", afirmou o especialista.
O objetivo é estudar "as rupturas locais da peça" e ver se está danificada por um uso excepcional por parte dos pilotos. Segundo uma fonte próxima à investigação, as análises se concentrarão nos aspectos técnicos.
O estudo dos crustáceos instalados no flaperon, assim como a asa da mala encontrada na mesma praia e analisada em um laboratório da região de Paris, a princípio servirá pouco no que se refere à identificação do avião. No entanto, segundo certos especialistas a espécie e a idade dos crustáceos podem permitir dizer por quanto tempo a peça do avião estava na água, a temperatura desta e por quais lugares passou. Isso pode dar novos indícios sobre a zona de busca de novos destroços.