Ansiedade marca EUA antes da primeira acusação formal por caso russo

Ansiedade marca EUA antes da primeira acusação formal por caso russo

Donald Trump voltou a tuitar que está ocorrendo uma "caça às bruxas" e refutou "conluio"

AFP

Presidente Trump usou o Twitter para criticar a investigação

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Opositores e aliados do presidente americano, Donald Trump, aguardam ansiosamente, neste domingo, a confirmação oficial da primeira acusação formal no caso da interferência russa nos Estados Unidos, investigado pelo procurador especial Robert Mueller. Em uma série de tuítes, o republicano Trump voltou a denunciar uma "caça às bruxas" e refutou qualquer "conluio" com a Rússia durante a campanha presidencial do ano passado, que disputou com a democrata Hillary Clinton.

"Toda essa história da Rússia justo quando os republicanos estão fazendo uma histórica reforma de corte de impostos é uma coincidência? NÃO!", escreveu. O advogado do presidente, Ty Cobb, disse em mensagem às emissoras CNN e Fox News que os tuítes "não tinham nada a ver com as atividades do procurador especial, com quem continua cooperando".

A emissora CNN e, em seguida, outros veículos denunciaram nesta sexta-feira que a equipe de Mueller vai apresentar acusações e prender pelo menos uma pessoa nesta segunda-feira. Desde então, nenhum funcionário confirmou ou negou a informação. Não se sabe quem seria a pessoa a ser detida.

O legislador democrata Adam Schiff, membro do Comitê de Inteligência da Câmara de Representantes, disse que não foi informado, mas mencionou duas pessoas bem próximas a Trump que costumam aparecer na imprensa: seu ex-chefe de campanha, Paul Manafort, e o breve assessor de Segurança Nacional, Michael Flynn, que tinham atividades não declaradas como lobistas em países estrangeiros, entre eles, a Rússia.

Schiff disse não poder dizer se o mandatário também estaria sendo investigado. "Não posso responder a isso em um sentido ou em outro", declarou à ABC.

O site Buzzfeed reportou neste domingo que o FBI estava investigando uma série de transferências em dinheiro relacionadas com Manafort por um total de três milhões de dólares entre 2012 e 2013. Qualificadas de duvidosas por instituições financeiras americanas, algumas destas 13 transferências das quais o Buzzfeed obteve os detalhes têm relação com a Ucrânia. Segundo o site na internet, as autoridades notaram estas transferências desde 2012 e investigavam se Manafort estava envolvido em algum tipo de fraude fiscal ou se tinha ajudado o regime ucraniano - ligado a Putin - a lavar dinheiro.

Ty Cobb assegurou ao The New York Times que Trump estava confiante em que nem Flynn, nem Manafort têm informação que possa afetá-lo. O governador republicano de Nova Jersey, Chris Christie, aliado de Trump, disse à imprensa que "o presidente não está sob investigação. Ninguém disse a ele que está". "Aconteça o que acontecer, este é apenas o começo", avaliou o senador independente Angus King, vinculado ao grupo democrata, em declarações à CNN.

“Tanta culpa”

As acusações desta segunda vão marcar uma nova fase neste processo, que é liderado por Mueller, nomeado em maio para chefiar a averiguação independente sobre a interferência russa na campanha de 2016 e estabelecer se houve, ou não, conluio com a equipe do candidato republicano. Essa investigação é diferente da que foi feita por várias comissões do Congresso.

Trump, apoiado por muitos republicanos e por parte do âmbito conservador, empreendeu um contra-ataque contra Clinton, acusando-a exatamente de conluio com a Rússia durante a venda da empresa Uranium One ao grupo público russo Rosatom, em 2010.

A revelação de que a campanha de Clinton e o Partido Democrata financiaram uma investigação privada de Trump, compilada em um dossiê, também estimulou muitos comentários no campo conservador.

"Eu nunca vi tanta raiva e unidade republicana pela falta de investigação sobre o informe falso feito por Clinton (...), a venda de urânio à Rússia, as 33 mil mensagens de e-mail apagadas, o assunto de Comey e muitas outras coisas", escreveu Trump no Twitter, enumerando diversos casos que implicam sua ex-adversária democrata.

"Há tanta CULPA dos democratas e Clinton, e agora os fatos estão falando FAÇAM ALGO!", acrescentou em outro tuíte. Outros setores acreditam que o vazamento da informação à CNN nesta sexta sobre e eminência de uma acusação formal é um escândalo por si só, que merece ser investigado.


Alguns republicanos, por ora isolados, inclusive pediram a renúncia de Mueller, acusando-o de ser próximo demais de James Comey. Christie alertou que o procurador deveria ser "muito, muito cuidadoso".

Enquanto isso, democratas alertaram que, se Trump demitir Mueller, ou emitir indultos preventivos para qualquer pessoa envolvida, vai estar passando do limite.

Baixa popularidade

Esta aceleração das investigações acontece enquanto Trump se aproxima do primeiro aniversário de sua eleição, em 8 de novembro. Ele se vangloria de como está se saindo bem e invoca o crescimento de 3% no terceiro trimestre, mas sua popularidade continua baixa, como revelou uma nova
pesquisa divulgada neste domingo pela NBC e o The Wall Street Journal.

Trinta e oito por cento dos americanos aprovam sua gestão, o percentual mais baixo desde que assumiu a Presidência, em janeiro, enquanto 58% a desaprovam. No entanto, 81% dos republicanos continuam apoiando-o.

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