Ao menos 40 mortos em manifestações no Congo

Ao menos 40 mortos em manifestações no Congo

Protestos são contrários a polêmico projeto de lei eleitoral

AFP

Ao menos 40 mortos em manifestações no Congo

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Pelo menos 40 pessoas morreram no início desta semana na República Democrática do Congo (RDC) durante protestos contra um polêmico projeto de lei eleitoral, afirmou neste sábado a ONG Human Rights Watch (HRW). O governo da RDC "recorreu à força ilegal e excessiva para reprimir as manifestações", que aconteceram entre segunda e quarta-feira, acusa a ONG americana em um relatório.

O projeto de lei inicial, alterado na sexta-feira pelo Senado, teria permitido que o presidente Joseph Kabila, no poder desde 2001, permanecesse à frente do Estado para além do final de seu mandato, quando ele não pode concorrer à reeleição, de acordo com a Constituição. "A Human Rights Watch confirma que 36 pessoas, incluindo um policial, foram mortos durante as manifestações em Kinshasa", indica a ONG. "Pelo menos 21 das vítimas foram mortas a tiros pelas forças de segurança congolesas". E quinta-feira, acrescenta a organização de defesa dos Direitos Humanos, "pelo menos quatro pessoas foram mortas durante protestos na cidade de Goma" (leste).

O balanço da HRW é próximo ao da Federação Internacional para os Direitos Humanos (FIDH), que evoca 42 mortos, mas contradiz as autoridades congolesas, que disseram que 12 "saqueadores" e "desordeiros" foram mortos por guardas de segurança privada.

O presidente da Assembleia Nacional reconheceu neste sábado em seu Twitter uma "derrapagem" da polícia ao atirar balas reais contra os manifestantes. "Não aceitaremos que a polícia atire balas reais contra manifestantes, estudantes e outros na RDC. Nenhuma autoridade pode dar a ordem de atirar contra seu povo", acrescentou Aubin Minaku.

A HRW diz ter "documentado vários casos em que a polícia e os militares da Guarda Republicana (responsável pela proteção do presidente) levaram os corpos das pessoas mortas em uma aparente tentativa de apagar provas". A ONG pede "que medidas sejam adotadas contra os responsáveis pelos assassinatos e outros abusos", ressaltando que "os líderes dos partidos políticos devem abster-se de incentivar seus seguidores à violência". Quando questionado pela ONG, o chefe da polícia congolesa, o general Charles Bisengimana, assegurou ter aberto uma investigação sobre a violência.

O texto proposto pelo governo foi aprovado pelos deputados na semana passada, mas na sexta-feira os senadores o alteraram, dizendo ter encontrado um "compromisso". Mas o caso ainda não está resolvido: a Assembleia Nacional-Senado deve agora chegar a acordo sobre uma formulação, caso contrário, é o texto aprovado pelos deputados que prevalecerá.


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