Após ataque em Cabul, Trump cancela reunião com líderes do Talibã

O presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou o cancelamento de uma reunião secreta prevista para amanhã com sua contraparte afegã, Ashraf Ghani, e líderes do Talibã, depois de um ataque em Cabul que resultou na morte de um militar americano. O encontro estava marcado na base militar de Camp David, no estado de Maryland. O grupo "admitiu um ataque em Cabul que matou um de nossos grandes soldados e outras 11 pessoas", tuitou o Republicano, decidindo pelo "cancelamento imediato" de uma "reunião secreta" com as autoridades e a suspensão das negociações para retirar as tropas americanas do Afeganistão.

Washington estava prestes a fechar um acordo para permitir o início da saída progressiva dos cerca de 13 mil soldados americanos mobilizados no país em troca de garantias por parte do Talibã de uma redução da violência e do lançamento de negociações de paz diretas com o governo de Cabul, condição que os rebeldes vinham rejeitando até o momento. O governo iniciou há um ano negociações diretas e inéditas com o Talibã, que as forças americanas expulsou do poder durante a intervenção militar iniciada após os atentados realizados pelo grupo jihadista Al-Qaeda em 11 de setembro de 2001. A cúpula surpresa teria sido uma jogada diplomática única.

Trump lamentou que, "para tentar conseguir um falsa vantagem" nas negociações, o Talibã tenha realizado um atentado na quinta-feira. Foi o segundo ataque dos rebeldes em poucos dias na capital afegã, apesar do "acordo de princípio" que o negociador americano, Zalmay Khalilzad, afirmou ter fechado com o Talibã durante negociações em Doha, e que havia apresentado ao presidente afegão, Ashraf Ghani, no começo da semana. "Que tipo de pessoas matam tanta gente para conseguir uma aparente vantagem nas negociações? Fracassaram. Só conseguiram piorar as coisas!", tuitou Trump.

"Se são incapazes de aceitar um cessar-fogo durante estas negociações de paz tão importantes, e estão, inclusive, dispostos a matar 12 inocentes, é porque, provavelmente, não têm capacidade de negociar um acordo significativo. Por quantas décadas querem continuar combatendo?".

O presidente afegão Ashraf Ghani havia anunciado anteriormente que viajaria para Washington. Sua viagem havia sido inicialmente planejada para o sábado, mas ele a atrasou por vários dias. Após a notícia, seu porta-voz disse no domingo que seu governo apreciou o anúncio de Trump e que o cancelamento das negociações bilaterais deve abrir caminho para conversas diretas entre autoridades afegãs e insurgentes. "Acreditamos que o presidente Trump tem um entendimento adequado da situação e vê que o Talibã não está comprometido com a paz", disse Sediq Sediqqi. "Ele entende que o governo e o povo afegão estão preocupados com uma paz significativa e duradoura".