Após castigar as Bahamas, furacão Dorian ameaça Flórida

Após castigar as Bahamas, furacão Dorian ameaça Flórida

Palmeiras arrancadas, casas destruídas e carcaças de carros pareciam flutuar em um mar de desolação

AFP

Furacão Dorian provocou destruição nas Bahamas

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Depois de cair para categoria 2, o furacão Dorian se dirigia muito lentamente para a Flórida, nesta terça-feira (3), após semear morte e devastação no arquipélago das Bahamas. Nesta terça de manhã, as ilhas Ábaco e Grand Bahama continuavam em grande parte isoladas do mundo. Ainda assim, as primeiras imagens começavam a surgir nas redes sociais, dando uma primeira ideia do tamanho do desastre.

Palmeiras arrancadas, casas destruídas e carcaças de carros pareciam flutuar em um mar de desolação: o triste espetáculo contrastava, terrivelmente, com o habitual cartão postal paradisíaco das Bahamas. Evocando uma "tragédia histórica", o primeiro-ministro do arquipélago, Hubert Minnis, confirmou ontem a morte de pelo menos cinco pessoas no pequeno arquipélago das ilhas Ábaco. O número de vítimas pode aumentar.

"Continua a chover, com fortes tempestades", disse à AFP Yasmin Rigby, uma moradora de Grand Bahama, ilha sobre a qual o Dorian ficou bastante tempo estacionado, elevando perigosamente o nível das águas. "Não posso me mudar", desabafou. "Eu precisaria de um caminhão grande, porque a maior parte da ilha está inundada. Felizmente, temos víveres suficientes", acrescentou.

Pelo menos 61.000 pessoas estariam precisando de ajuda alimentar nas Bahamas, estimou a ONU nesta terça, que se prepara para enviar duas equipes de avaliação. Entre eles, estarão especialistas do Programa Alimentar Mundial (PAM). Na véspera, a Cruz Vermelha anunciou que cerca de 13 mil casas podem ter sido danificadas, ou destruídas nas ilhas Ábaco e Grand Bahama.

"Perigosamente perto"

Na categoria máxima (5) no momento em que atingiu as Bahamas, o Dorian perdeu força até chegar ao nível 2, com ventos de até 175 km/h, segundo o último boletim do Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês), às 15h GMT (12h em Brasília). O furacão se encontrava 168 quilômetros a oeste de Fort Pierce, na Flórida, para onde se movia a uma velocidade bastante reduzida de 3,2 km/h.

Ainda que seus ventos tenham diminuído, continua sendo muito perigoso, alertam os meteorologistas, que tentam prever sua trajetória exata. Ele deve se aproximar "perigosamente perto" da Flórida até quarta à noite e se estender ao longo da costa sudeste americana, afetando os estados da Geórgia, Carolina do Sul e Carolina do Norte. Várias pessoas receberam ordem de evacuação no litoral das regiões ameaçadas.

O senador e ex-governador do Flórida Rick Scott tuitou: "se está em uma zona de evacuação, saia AGORA. Podemos reconstruir sua casa. Não podemos reconstruir sua vida". Em Port St. Lucie, uma área de baixa renda com estacionamentos de trailers agora vazios, Dan Peatle, de 78 anos, fugiu de sua comunidade para se abrigar em um hotel.

Mesmo que o olho do furacão não atinja a terra, as autoridades põem a população em estado de alerta sobre os riscos de aumento repentino no volume das águas e de inundações. Grandes ondas castigavam esta manhã as praias de Port Saint Lucie, cidade costeira da Flórida, ao norte de Palm Beach. Funcionária de um hotel, onde se abrigou com sua família, Lynda Granon, de 62 anos, espera a chegada do Dorian com pessimismo. "Perdemos tudo e reconstruímos. É assim que é na Flórida!", afirmou, em conversa com a AFP, lembrando que enfrentou cinco furacões nos últimos 15 anos. "Isso pelo menos permite renovar a decoração", completou.


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