Apelos por "cessar-fogo" dominam conferência de ajuda humanitária a Gaza

Apelos por "cessar-fogo" dominam conferência de ajuda humanitária a Gaza

Israel não participou da conferência, mas Macron, presidente da França, afirmou que vai levar as decisões do evento ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em ligação telefônica

AFP

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A França sediou, nesta quinta-feira, 9, uma conferência de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza sem grandes avanços para além dos apelos por "cessar-fogo", ante a ausência de Israel e de dirigentes árabes de alto escalão. 

O representante do Brasil na conferência, o ex-chanceler Celso Amorim, condenou "os ataques terroristas" do Hamas contra Israel, mas avaliou que a morte de "milhares" de crianças em bombardeios israelenses remete a um "genocídio". 

srael iniciou uma campanha de bombardeios em Gaza em 7 de outubro em resposta ao ataque do movimento islamista Hamas, que matou mais de 1.400 pessoas, a maioria civis, em território israelense. Além disso, o grupo palestino mantém 240 reféns.

Mais de 10.000 pessoas, a maioria civis e incluindo mais de 4.000 menores de idade, morreram nos bombardeios israelenses na Faixa de Gaza, um território estreito de 360 quilômetros quadrados, onde moram 2,4 milhões de pessoas, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

Depois de reiterar o direito de defesa de Israel, mas respeitando o direito internacional, o presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que a proteção dos civis deve ser uma prioridade. "Isto requer uma pausa humanitária muito rápida e temos que trabalhar para conseguir um cessar-fogo", disse.

"Quantos palestinos têm que morrer para que a guerra termine?", questionou o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammed Shtayyeh, que relatou as necessidades: atender os feridos e fornecer água, energia elétrica e medicamentos.

"As Nações Unidas nunca registraram tantos mortos em tão pouco tempo em um conflito", afirmou nesta quinta à rádio France Inter o chefe da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini. 

A França organizou a conferência na véspera do Fórum de Paris sobre a Paz para reunir os principais doadores e acelerar a ajuda - alimentos, energia ou equipamentos médicos - para a Faixa de Gaza, cenário de um êxodo de seus habitantes para o sul.

A ONU calcula que 1,2 bilhão de dólares (aproximadamente R$ 6 bilhões) são necessários para ajudar os moradores de Gaza e da Cisjordânia até o fim do ano. Ao final da conferência, nenhum valor oficial sobre a ajuda já comprometida foi anunciado. 

Em direção a uma "pausa" humanitária?

Israel não participou da conferência, mas Macron acordou com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prestar contas sobre o evento em uma conversa telefônica após a reunião, segundo a Presidência francesa.

Além de poucos ministros europeus e os chefes das principais instituições da União Europeia (UE), os participantes não são do alto escalão e tampouco houve uma declaração final. Poucas nações árabes enviaram delegados. 

Diversas ONGs expressaram seu descontentamento durante uma coletiva de imprensa conjunta após a conferência. 

"Estamos bastante decepcionados porque não houve consenso sobre um cessar-fogo imediato (...) Para além da ajuda mobilizada, o objetivo é fazê-la entrar em Gaza", disse Jean-François Corty, da Médicos do Mundo. 

Apesar de os apelos por "pausas" humanitárias, "tréguas" ou "cessar-fogo" terem aumentado nas últimas semanas, o primeiro-ministro de Israel insiste em afirmar que a ofensiva prosseguirá enquanto o Hamas não libertar os reféns. 

Os Estados Unidos anunciaram nesta quinta-feira que Israel aceitou fazer "pausas" militares de quatro horas diárias no norte da Faixa. 

O Catar, por sua vez, negocia com Washington e Israel "uma possível pausa humanitária, que envolveria a liberação de reféns e a entrada de mais ajuda em Gaza", segundo um responsável próximo às discussões. 


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