Assange pede que Obama pare de perseguir WikiLeaks

Assange pede que Obama pare de perseguir WikiLeaks

Fundador da organização fez primeiro discurso público na embaixada do Equador em Londres

AFP

Julian Assange falou na sacada da embaixada, onde se refugiou há dois meses

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O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, refugiado há dois meses na embaixada equatoriana em Londres, pediu que o presidente americano, Barack Obama, pare com sua "caça às bruxas" contra a organização, e agradeceu ao Equador por sua "coragem", em sua primeira aparição pública desde março.

"Peço ao presidente (Barack) Obama que faça o certo, os Estados Unidos devem renunciar a sua caça às bruxas contra o WikiLeaks", afirmou o australiano de 41 anos.

O fundador do WikiLeaks, vestido de forma elegante, pronunciou um discurso a partir da sacada da embaixada, onde se refugiou no dia 19 de junho, pouco acima das cabeças dos policiais britânicos que querem detê-lo. Se colocasse um pé para fora da legação, correria o risco de ser preso.

Assange aproveitou para agradecer ao presidente equatoriano, Rafael Correa. "Eu agradeço ao presidente (Rafael) Correa pela coragem que mostrou ao considerar e me conceder asilo político", disse Assange à mídia mundial reunida em frente à embaixada, e também agradeceu a todos os seus simpatizantes.

Em frente à embaixada equatoriana havia cerca de 50 simpatizantes de Assange, alguns com as máscaras do movimento Anonymous, cantando e gritando slogans contra as autoridades britânicas. Meia centena de policiais protegia o edifício, perante o qual cerca de 300 jornalistas aguardavam.

Minutos antes, seu advogado de defesa, o ex-juiz espanhol Baltasar Garzón, havia dito que Assange está com espírito "combativo" e havia lhe pedido "que recorra à justiça para proteger os direitos do WikiLeaks, os seus próprios e os de todas as pessoas que são alvo de uma investigação".

Estas declarações demonstram que o australiano não tem a intenção de se render. Para poder sair da embaixada e viajar ao Equador, Assange precisa de um salvo-conduto das autoridades britânicas, que já anunciaram que não o fornecerão.

Neste domingo, Garzón especificou que entrará com uma ação judicial sobre "diferentes pontos, em diferentes países, tanto sobre a situação financeira do WikiLeaks, os bloqueios injustificados que foram feito, assim como para reivindicar a concessão de um salvo-conduto".

A Suécia requer Assange por um suposto caso de agressão sexual e estupro, que ele nega. O australiano teme que o fato seja utilizado como desculpa para extraditá-lo aos Estados Unidos, para que responda por acusações de espionagem devido à divulgação em 2010 pelo WikiLeaks de centenas de milhares de documentos diplomáticos americanos.

O número 2 do WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson, assegurou hoje em declarações à AFP que se a Suécia se comprometesse a não extraditá-lo aos Estados Unidos, seria uma "boa base para negociar" uma saída para Assange.

"Seria uma boa base para negociar, uma maneira de encerrar este assunto, se as autoridades suecas declarassem sem nenhuma reserva que Julian (Assange) nunca será extraditado da Suécia aos Estados Unidos", indicou o porta-voz. "Posso assegurar que ele (Assange) quer responder às perguntas do promotor sueco há muito tempo, há quase dois anos", acrescentou.

A Suécia reagiu rapidamente: "O suspeito não tem o privilégio de ditar suas condições". "Se o WikiLeaks quer dar uma mensagem deste tipo, deve fazê-lo conosco diretamente, de maneira convencional", disse um porta-voz do ministério das Relações Exteriores.

"No estado atual das coisas, não podemos dizer o que vamos fazer", sustentou, embora tenha assegurado que "não extraditamos ninguém que corre o risco de (ser condenado à) pena de morte".

A eventual entrada da polícia britânica na embaixada do Equador em Londres, na Inglaterra, para deter Julian Assange teria "graves consequências no mundo", advertiram em uma declaração os chanceleres da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba), reunidos nesse sábado na cidade equatoriana de Guayaquil.

"Advertimos o governo do Reino Unido sobre as graves consequências no mundo todo em caso de agressão direta à integridade territorial da República do Equador em Londres", afirmou o comunicado lido pelo chanceler venezuelano Nicolás Maduro ao término do encontro em Guayaquil, no sudoeste do Equador.

"Rejeitamos as ameaças intimidadoras proferidas por porta-vozes do governo do Reino Unido pela violação dos princípios de soberania e integridade territorial das nações", afirma outra parte da declaração.

No sábado em Guayaquil (Equador), os chanceleres e representantes de Estados da Alba, grupo integrado, entre outros, por Cuba, Venezuela e Nicarágua, apoiaram o governo de Correa, que denunciou que o Reino Unido ameaçou entrar em sua embaixada em Londres para deter Assange.

Também em Guayaquil está prevista neste domingo uma reunião de ministros das Relações Exteriores da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), enquanto a Organização dos Estados Americanos (OEA) convocou uma reunião para o dia 24 de agosto em Washington.

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