Ataque a comboio de ajuda eleva a pressão externa sobre Netanyahu

Ataque a comboio de ajuda eleva a pressão externa sobre Netanyahu

Bombardeio matou sete voluntários da ONG World Central Kitchen (WCK)

Estadão Conteúdo

Ataque a comboio de ajuda eleva a pressão externa sobre Netanyahu

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A pressão externa sobre Israel aumentou nesta terça-feira depois que o governo do premiê, Benjamin Netanyahu, admitiu ter atacado um comboio humanitário em Gaza, na segunda-feira, 1º. O bombardeio, que matou sete voluntários da ONG World Central Kitchen (WCK), fundada pelo chef espanhol José Andrés, foi condenado por vários países, incluindo os EUA. Netanyahu, que rejeita as críticas internacionais sobre a forma como Israel conduz a guerra contra o Hamas, disse que lamentava o que chamou de 'trágico incidente não intencional'.

'Acontece em tempos de guerra', afirmou. A WCK era uma das organizações mais importantes no fornecimento de assistência alimentar em Gaza. O grupo suspendeu imediatamente suas atividades no enclave. Outras ONGs, como a American Near East Refugee Aid, fizeram o mesmo, o que deve agravar a crise humanitária. O governo do Chipre, de onde partia a ajuda, informou que navios com 240 toneladas de comida deram meia volta ontem e retornaram ao país. O episódio ameaça isolar ainda mais Israel e aumentar o atrito diplomático com os EUA.

Em telefonema ao fundador da ONG, o presidente americano, Joe Biden, prometeu cobrar de Netanyahu mais proteção aos trabalhadores humanitários. Os voluntários da WCK viajavam em carros identificados e foram atacados do ar. Morreram três britânicos, um americano, um palestino, um australiano e um polonês. Ontem, além dos EUA, Reino Unido e França também criticaram Israel pela morte indiscriminada em bombardeios.

Reprimenda

O chanceler britânico, David Cameron, exigiu explicações do embaixador de Israel em Londres e chamou o ataque de 'inaceitável'. 'Israel deve explicar urgentemente como isso aconteceu e fazer grandes mudanças para garantir a segurança dos trabalhadores humanitários', disse. O ministro das Relações Exteriores da França, Stéphane Séjourné, afirmou que 'nada poderia justificar' as mortes.

'A proteção de trabalhadores humanitários é um imperativo moral e legal ao qual todos deveriam aderir', disse. O Exército de Israel reconheceu o erro e prometeu montar um comitê de emergência com organizações internacionais para ampliar o envio de ajuda a Gaza. O problema, segundo analistas, é que o governo israelense está ficando sem parceiros para distribuir essa ajuda.

Um assessor da Casa Branca, falando ao jornal Times of Israel, sob anonimato, disse que o governo americano está preocupado. 'Eles não querem a UNRWA? Certo. Mas eles precisam garantir que o restante dos trabalhadores humanitários esteja protegido', afirmou, em referência à agência da ONU que distribuía ajuda em Gaza, acusada por Israel de conluio com o Hamas.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que conversou com autoridades israelenses e pediu uma investigação rápida e imparcial. 'Esses trabalhadores são heróis', afirmou. John Kirby, porta-voz da Casa Branca, afirmou que os EUA estavam 'indignados' e classificou o ataque como 'emblemático de um problema maior'.

Alvos

A guerra em Gaza revelou-se perigosa para os trabalhadores humanitários. Pelo menos 196 foram mortos desde o início dos combates, em 7 de outubro, segundo a ONU, citando um número do dia 20. Em comunicado, a WCK disse que sua equipe foi atingida depois de descarregar alimentos em um armazém no centro de Gaza e sair, em dois carros blindados e outro veículo. A ONG afirmou que o comboio foi atingido apesar de ter coordenado seus movimentos com os israelenses.


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