Ataque em Berlim pode ter sido feito por imigrante que buscou asilo, diz Merkel

Ataque em Berlim pode ter sido feito por imigrante que buscou asilo, diz Merkel

Chanceler recebeu críticas sobre sua política de imigração generosa

AFP

Chanceler afirmou que alemães não querem "viver paralisados pelo medo do mal"

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A chanceler alemã Angela Merkel classificou nesta terça-feira de "atentado terrorista" o ataque com caminhão na segunda-feira em uma feira natalina de Berlim que fez 12 mortos e 48 feridos, traumatizando o país e aumentando a polêmica sobre sua política de imigração. O suspeito é um requerente de asilo paquistanês e nega ter cometido o atentado, segundo anunciou nesta terça o ministro alemão do Interior.

Segundo Thomas de Maizière, o suspeito é "a priori paquistanês. Ele chegou na Alemanha, em Saint Sylvestre, em 31 de dezembro de 2015, e foi registrado antes de ir para Berlim em fevereiro". "Ele nega o crime. A investigação continua", acrescentou o ministro, indicando que o ataque ainda não foi reivindicado.

A tragédia, que mobilizou durante toda a noite investigadores e socorristas, lembra, pelas circunstâncias, o ataque com caminhão em 14 de julho na cidade costeira francesa de Nice (86 mortos). A chanceler falou de um "atentado terrorista" e deu a entender que seu autor era provavelmente um requerente de asilo. "Sei que para nós seria particularmente difícil de suportar se for confirmado que este ato foi cometido por uma pessoa que pediu proteção e asilo na Alemanha", afirmou na televisão, em sua primeira reação após o atentado.

Segundo o jornal Bild, o motorista do caminhão que projetou seu veículo contra uma multidão em uma das feiras natalinas mais movimentadas da capital alemã é um paquistanês de 23 anos. Ele teria seguido a rota dos Balcãs para chegar na Alemanha como requerente de asilo em fevereiro de 2016, vindo do Paquistão ou Afeganistão.

Enquanto a investigação foi confiada à procuradoria de combate ao terrorismo, a polícia realizou buscas nesta terça-feira em um dos principais centros de refugiados de Berlim, no antigo aeroporto de Tempelhof, informou vários meios de comunicação
alemães.

O suspeito, detido na segunda-feira logo após o incidente, poderia ter passado por lá. Segundo a polícia, uma testemunha do atentado teria ajudado na prisão do assassino perto de um parque. "Com a ajuda desta testemunha, foi possível prender o suspeito", indicou um porta-voz da polícia de Berlim, Winfrid Wenzel. "Este corajoso civil nos dá um pouco de alento ao coração", acrescentou, citado pelo jornal Die Welt.

O homem teria corrido cerca de dois quilômetros atrás do atacante, mantendo uma distância segura do mesmo. Durante a perseguição, ele manteve contato por telefone com a polícia, indicando a localização do suspeito até a avenida que leva ao Portão de Brandeburgo.

Logo após o ataque, Angela Merkel recebeu uma enxurrada de críticas sobre sua política de imigração generosa. "Estes são os mortos de Merkel", denunciou em sua conta no Twitter um dos líderes do partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AFD), Marcus Pretzell. "A Alemanha não é mais segura" face "ao terrorismo do Islã radical", acrescentou outro
membro da AFD, Frauke Petry, questionando a decisão do chanceler de abrir as portas do país em 2015 para quase 900 mil refugiados que fugiam da guerra e da pobreza, originários principalmente do mundo muçulmano. Aproximadamente 300 mil chegaram em 2016.

Morto com um tiro

O balanço preliminar do drama era de pelo menos 12 mortos e 48 pessoas hospitalizadas, algumas em estado crítico. Nenhuma indicação foi dada sobre a identidade das vítimas. Um deles, encontrado na cabine do caminhão, foi "morto com um tiro", e poderia ser o verdadeiro motorista do caminhão de quem o atacante teria roubado, de acordo com um porta-voz do ministério regional do Interior.

As bandeiras dos edifícios públicos foram hasteadas a meio mastro e uma cerimônia vai ser realizada às 11h GMT (9h de Brasília) na catedral de St. Hedwig, no centro da cidade. "Eu só vi este enorme caminhão preto que cruzou o mercado e atropelou muitas pessoas, então todas as luzes se apagaram e tudo estava destruído", relatou uma turista australiana, Trisha O'Neill. "Havia sangue e corpos por toda parte", incluindo de crianças e idosos, acrescentou. "Nós vimos pessoas sendo transportadas em ambulâncias, uma e outra vez, e parecia não ter fim", declarou outra turista, Sabrina Glinz, ao canal britânico Sky News.

A tragédia ocorreu perto da Igreja Memorial, monumento da capital alemã com seu campanário destruído pelos bombardeios na Segunda Guerra Mundial. O caminhão foi evacuado na terça de manhã.

Veículo grande

As reações de solidariedade se multiplicaram, da França aos Estados Unidos, enquanto a Europa tem sido alvo frequente de ataques reivindicados por grupos extremistas islâmicos. O presidente russo, Vladimir Putin, se disse "chocado" com a "brutalidade e o cinismo" do ataque. O uso de veículos, especialmente caminhões, para atropelar multidões de "infiéis" e fazer o máximo possível de vítimas é uma tática defendida pelos grupos extremistas.

Em sua revista online Inspire, em setembro de 2014, o grupo da Al-Qaeda na Península Arábica (AQAP) escreveu: "A ideia é usar um veículo grande. Você pode usar uma pick-up, a maior e melhor possível. Para causar o máximo dano, você deve dirigir tão rápido quanto possível, mantendo o controle do veículo para obter o máximo de inércia e poder atropelar tantas pessoas quanto possível".

A Alemanha havia sido até agora poupada de ataques jihadistas de grande magnitude, mas vários ataques islâmicos foram recentemente cometidos por indivíduos isolados. O EI reivindicou dois ataques em julho, que deixaram vários feridos, um com bomba e outro com uma faca, cometidos por um sírio de 27 anos e por um requerente de asilo de 17 anos, provavelmente afegão.

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