Ativistas estão em condições desumanas na prisão russa, diz advogado

Ativistas estão em condições desumanas na prisão russa, diz advogado

Gaúcha Ana Paula Maciel está entre os 30 ativistas do Greenpeace detidos

AFP

Gaúcha Ana Paula Maciel está entre os 30 ativistas do Greenpeace detidos

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Os tripulantes do Greenpeace indiciados por pirataria por terem participado de um protesto contra a exploração de petróleo no Ártico estão vivendo em "condições desumanas" na prisão e são transportados entre centros prisionais russos como "galinhas de uma granja ruim", afirmou o advogado da organização Sergei Golubok nesta segunda-feira. Entre os detidos está a bióloga gaúcha Ana Paula Maciel, de 31 anos. Nesta segunda, o governador  Tarso Genro defendeu a libertação da manifestante.

Os ativistas de 18 nacionalidades diferentes cumprem prisão preventiva de dois meses entre as cidades de Murmansk e Apatity, cerca de 2 mil quilômetros ao norte de Moscou e acima do círculo Ártico. Golubok afirmou que muitos ativistas não tiveram acesso a água potável ou estão passando fome porque não conseguiram comer a comida das prisões. "Sua situação  não pode ser chamada de outra coisa senão de desumana", afirmou por videoconferência de Murmansk.

Os ativistas detidos em Apatity têm que fazer longas viagens em frias vans prisionais para as audiências em Murmansk, acrescentou. "Ninguém recebe cuidados de saúde adequados", continuou, destacando que alguns ativistas não querem a comida da prisão por questões religiosas.

Os ativistas também se queixaram da vigilância constante de suas celas por câmeras de vídeo instaladas inclusive no banheiro, acrescentou. Centros de prisão preventiva, que são chamados na Rússia de Isoladores de Investigação (SIZO), não são muito diferentes das prisões comuns, conhecidas por condições degradantes e abusos.

Os problemas dos ativistas se agravam pelo fato de a maioria ser estrangeira e não falar russo, disse Golubok. Com isso, tarefas simples como tirar dinheiro de suas contas bancárias ou pedir aos guardas da prisão permissão para abrir uma janela se tornam impossíveis.

"Eles não conseguem falar com os parentes por telefone porque devem falar em um idioma que os funcionários dos centros de detenção tenham facilidade de compreender", afirmou Golubok.

Um ativista de direitos humanos disse  na semana passada que ativistas do Greenpeace estavam "à beira do choque", devido às condições em suas celas frias e escuras. Um dos ativistas sofre de asma e outro não tem a tiroide. "Basicamente, eles foram desligados do mundo exterior", disse Golubok.

Na semana passada, o embaixador italiano em Moscou convocou uma reunião com os embaixadores de vários países europeus para coordenar os passos para tentar assegurar a libertação dos ativistas. Um representante do Ministério das Relações Exteriores da Nova Zelândia admitiu, contudo, que havia pouco que pudessem fazer.

"Nossas autoridades não são capazes de intervir no processo judicial de outro país, nem podem tentar tirar vantagem do processo", declarou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores e Comércio em comentários enviados por e-mail. "Trata-se de uma questão legal atualmente em curso na justiça da Rússia", concluiu.

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