Aumenta pressão pela renúncia de Berlusconi
Rumores se intensificaram depois que as Contas do Estado foram aprovadas abaixo da maioria absoluta
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Nos últimos dias, ele perdeu o apoio de 20 parlamentares de seu partido, o Povo da Liberdade (PDL), em meio a divisões sobre as reformas exigidas ao país pela União Europeia (UE).
Nesta terça-feira, até o polêmico líder da Liga Norte, Umberto Bossi, aliado importante para a sobrevivência do governo e que vinha garantindo a Berlusconi há três anos a maioria absoluta no Parlamento, pediu que Il Cavaliere renunciasse. "É melhor que dê um passo atrás e proponha em seu lugar o secretário de seu partido PDL, Angelino Alfano", disse Bossi.
Esquerda se abstém
Ante a situação econômica difícil e delicada pela qual passa a Itália, acossada pelos mercados por seu déficit colossal acompanhado de crescimento nulo, a oposição de esquerda preferiu se abster de votar as Contas do Estado, uma forma de demonstrar a Berlusconi que poderia cair a qualquer momento. "Estamos com um problema de credibilidade. Este governo não pode administrar a crise que vivemos. O déficit de credibilidade é baseado em cifras", declarou o líder do Partido Democrático (PD), Pier Luigi Bersani.
"Senhor presidente do Conselho de Governo, pedimos com todas as forças que tome nota da atual situação. Não podemos continuar assim. O senhor deve renunciar", reclamou Bersani. O político biolionário está, assim, ante o dilema de voltar a pedir novo voto de confiança ou renunciar.
Berlusconi, que se aferra com todas as forças ao poder, apesar das críticas, dos escândalos sexuais e judiciais e, agora, das "traições" políticas, reuniu-se logo depois com os principais líder de seu grupo, entre eles Bossi, o ministro do Interior, Roberto Maroni, e o da Economia, Giulio Tremonti.
Futuro do premiê
No entanto, apesar da "agonia prolongada" de Berlusconi, nem opositores nem seus herdeiros políticos conseguem chegar a um acordo sobre o futuro. "Está na beira do precipício. O governo vai cair, a menos que apareçam surpresas inesperadas", considerou Marc Lazar, especialista em assuntos da Itália do Instituto de Estudos Políticos de Paris.
Outros estimam que poderia aproveitar para designar um sucessor, uma personalidade "leal", como seu braço direito, Gianni Letta. Também não se descarta a designação de uma figura independente como o economista Mario Monti, que foi comissário europeu.