Australianos condenados à morte na Indonésia são levados para local da execução
Família de brasileiro condenado a morte ainda tenta evitar a execução
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Michael Chan, que tentou ver seu irmão Andrew antes de sua transferência, não pôde entrar no centro de detenção. "Este não é um dia de visita", justificou um funcionário local do ministério da Justiça, Nyoman Putra Surya. Os dois detidos foram despertados ao amanhecer e os guardas deram alguns minutos para que se preparassem, segundo Surya. Depois agradeceram aos vigias. "Colocamos as algemas, eles permaneceram em silêncio", disse o funcionário.
Em seguida, Chan e Sukumaran deixaram a prisão em veículos blindados em direção ao aeroporto de Bali para serem transferidos a uma penitenciária de segurança máxima na ilha de Nusakambangan. Quase 200 policiais, 50 soldados e canhões de água foram mobilizados ao redor do estabelecimento penitenciário.
As autoridades não informaram a data da execução, mas o envio da dupla a Nusakambangan aponta para um desfecho iminente. O ministro indonésio da Justiça, Muahamad Prasetyo, afirmou que os últimos preparativos para a execução, em particular o treinamento do pelotão de fuzilamento, já estavam em andamento. Os condenados à morte são avisados da execução 72 horas antes.
O primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, afirmou nesta quarta-feira que se sentia "indignado pela perspectiva das execuções" de seus dois compatriotas e convocou a Indonésia a mudar de parecer, advertindo que, com isso, não pretendia dar falsas esperanças às famílias.
Os dois australianos estão entre os 10 condenados à morte que serão fuzilados em breve, entre os quais há estrangeiros originários de Brasil, França, Filipinas, Nigéria e Gana, que também tiveram seus pedidos de indulto negados.
O brasileiro Rodrigo Gularte, de 42 anos, condenado à morte por entrar no país com seis quilos de cocaína escondidos em pranchas de surf, está preso na Indonésia desde 2004 e sua família tenta provar às autoridades que sofre de esquizofrenia para evitar o fuzilamento, com a transferência para um centro psiquiátrico.
No dia 18 de janeiro, a Indonésia executou o brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, um holandês, um vietnamita, um malauiano e um nigeriano. As primeiras execuções no país desde 2013 provocaram uma onda de indignação internacional.
Dezenas de indonésios e estrangeiros de 15 países condenados à pena capital por casos envolvendo entorpecentes estão no corredor da morte na Indonésia, que tem uma das legislações mais severas do mundo em matéria de drogas.
O novo presidente indonésio, Joko Widodo, afirmou pouco depois de chegar ao poder, em outubro, que não concederia nenhum indulto aos condenados à morte por narcotráfico. Considera que seu país vive uma situação de estado de urgência em matéria de entorpecentes, que provocam a morte de dezenas de jovens todos os dias.