Badaladas do Big Ben voltam a soar em Londres, após cinco anos de restauração

Badaladas do Big Ben voltam a soar em Londres, após cinco anos de restauração

Reforma consumiu cerca de 80 milhões de libras e foi a maior obra de recuperação nos 160 anos de história do relógio

R7

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As badaladas do emblemático Big Ben de Londres, o relógio mais famoso do mundo, voltaram a soar neste domingo (13) após anos de reparação, durante o ato oficial solene em memória dos caídos em conflitos armados. Às 11h (pelo horário local, 8h de Brasília), os sinos do relógio tocaram 11 vezes durante os dois minutos de silêncio que o Reino Unido respeita como parte do chamado Sunday of Remembrance, o ato anual que acontece no primeiro domingo após 11 de novembro – Dia do Armistício, que marcou o fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

Foram cinco longos anos de restauração, antes que o Big Ben pudesse ser ouvido novamente. Com seu imenso sino de 13,7 toneladas, o grande relógio que domina o Parlamento britânico voltou à atividade normal após uma limpeza completa das mais de 1.000 peças que compõem seu mecanismo. Esta foi a maior obra de reparação dos 160 anos de história deste símbolo de Londres.

Em agosto de 2017, uma multidão se reuniu em Westminster para ouvir os últimos repiques de seus cinco sinos de ferro fundido. Alguns até derramaram uma lágrima. A partir de agora, o carrilhão de quatro sinos volta a tocar a cada quarto de hora, enquanto o sino principal tocará a cada hora.

Nos últimos cinco anos, o Big Ben tocou poucas vezes, usando um mecanismo elétrico substituto. A última vez foi para o funeral da rainha Elizabeth II, que morreu em setembro.

O som de Londres

No alto da "torre elizabetana" de 96 metros do Palácio de Westminster, os sinos são protegidos por uma rede externa para impedir a entrada de morcegos e pombos. De lá, a vista de Londres é espetacular, mas os três relojoeiros responsáveis pelo Big Ben não têm tempo para apreciá-la.

Ian Westworth, de 60 anos, e seus colegas estão ocupados finalizando os testes para garantir que tudo estará funcionando corretamente após uma reforma de 80 milhões de libras (US$ 93 milhões).

"O som de Londres está de volta", diz Westworth à AFP durante uma visita ao campanário. "Esses sinos tocaram atravessando as guerras", ressalta, impressionado com todas as transformações da cidade testemunhadas por eles.

A "torre elizabetana", o novo nome dado à torre do relógio em 2012 por ocasião do jubileu de diamante da monarca, foi construída na década de 1840. Naquela época, sem tráfego, ou arranha-céus, "em uma noite tranquila você podia ouvir (o Big Ben) a até 24 quilômetros de distância", lembra o relojoeiro.

Imitar as luzes vitorianas

A restauração envolveu a limpeza e a pintura dos braços e martelos, mas os sinos não se moveram. O sino principal, o Big Ben, é tão grande que, para movê-lo, seria necessário levantar todo o piso da torre do sino. A parte mais complicada foi desmontar o mecanismo do relógio de 11,5 toneladas, que remonta a 1859, para limpá-lo.

Além disso, 28 luzes LED agora iluminam os quatro mostradores do relógio, com cores que variam do verde ao branco, para se assemelhar aos lampiões a gás da era vitoriana. Outra luz branca maior foi colocada acima dos sinos para indicar quando o Parlamento está em sessão. Antes da reforma, os relojoeiros verificavam a precisão da hora usando seus telefones. Agora, o relógio é calibrado por GPS.

Já o método de acertar a hora continua muito tradicional: moedas antigas são usadas para adicionar, ou subtrair, peso das molas do relógio gigante, permitindo que um segundo seja ganho, ou perdido.

Na torre do sino, durante os testes, é preciso usar tampões e protetores de ouvido para proteger seus tímpanos a cada nova hora em ponto. São sete da manhã, e o Big Ben – um símbolo de estabilidade em um caótico contexto político britânico – ressoa sete vezes com um estrondo. Embora ensurdecedor, o inconfundível som também é um sinal de estabilidade, após anos de grande turbulência política no Reino Unido.

O palácio de Westminster, um impressionante complexo gótico às margens do rio Tâmisa, também precisa de uma grande reforma, mas as disputas políticas sobre seu alto custo atrasaram o processo.

Enquanto isso, Westorth e seu colega Alex Jeffrey, de 35 anos, continuam concentrados em seu trabalho: cuidar dos 2.000 relógios do Parlamento britânico. "É o melhor trabalho do mundo", diz o mais novo.


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