Bento XVI diz em livro que não foi "o povo" judeu que matou Jesus

Bento XVI diz em livro que não foi "o povo" judeu que matou Jesus

Manifestação foi elogiada por organização de sobreviventes do Holocausto

AFP

Bento XVI diz em livro que não foi o povo judeu que matou Jesus

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O papa Bento XVI diz que não foi "o povo" judeu, em seu conjunto, o responsável pela morte de Jesus Cristo, no segundo capítulo de seu mais recente livro, que teve extratos publicados pelo Vaticano nesta quarta-feira. Na obra erudita intitulada "Jesus de Nazaré, segunda parte. Da entrada em Jerusalém à Ressurreição", o papa levanta a questão: "Quem eram precisamente os acusadores" de Cristo?

Ele destaca que a expressão "os judeus" empregada por João, o Evangelista, "não indica de nenhum modo o povo de Israel como tal" e "ainda menos tem um carácter racista" porque João "era israelita, como Jesus e todos os seus". A expressão "tem um significado preciso e rigorosamente limitado" e define "a aristocracia do Templo", destaca Bento XVI.

O papel dos judeus na morte de Cristo esteve na origem das grandes tensões entre as duas religiões, com os judeus tendo sido tratados de "deicidas" durante vários séculos pelos católicos. O Concílio Vaticano II (1962-1965) eximiu o povo judeu de toda a responsabilidade na crucificação de Jesus. "Diz-se com frequência que os Evangelhos, devido a uma tendência favorável aos romanos, por motivos políticos, teriam apresentado (Pôncio Pilatos) de forma mais positiva, lançando progressivamente sobre os judeus a responsabilidade pela morte de Jesus", observa Bento XVI.

Uma associação de sobreviventes do Holocausto elogiou esta visão dos fatos, considerando a análise como um "momento importante" nas relações entre católicos e judeus. Este "repúdio teológico à acusação de deicida não apenas confirma os ensinamento do Vaticano, mas rejeita a culpa coletiva dos judeus para uma nova geração de católicos", declarou Elan Steinberg, vice-presidente da Associação americana dos Sobreviventes do Holocausto e de seus Descendentes.

A obra de Bento XVI será apresentada à imprensa no dia 10 de março. Será lançada simultaneamente em sete línguas: alemão, italiano, inglês, espanhol, francês, português e polonês. O primeiro volume, sobre o período que vai do batismo no Jordão à transfiguração, foi colocado à venda na Itália em 16 de abril de 2007, data do 80º aniversário de Bento XVI, com grande sucesso. Foram mais de 50 mil livros vendidos no primeiro dia de lançamento, com duas tiragens de de 420 mil exemplares.

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