Biden alerta China que agirá se soberania dos EUA for ameaçada
Caça americano derrubou um balão chinês de vigilância no sábado

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O presidente Joe Biden prometeu nesta terça-feira (7), durante seu discurso sobre o Estado da União no Congresso, que não hesitaria em defender os interesses dos Estados Unidos contra a China. A declaração foi feita depois de ordenar que o Exército abatesse um suposto balão de vigilância do governo asiático.
Em seu discurso anual aos congressistas, Biden pediu investimento nas Forças Armadas, tecnologia e alianças para enfrentar Pequim, visto como o principal concorrente dos Estados Unidos.
"Estou comprometido em trabalhar com a China onde for possível promover os interesses americanos e beneficiar o mundo", afirmou Biden. "Mas não se enganem: como deixamos claro na semana passada: se a China ameaçar nossa soberania, vamos agir para proteger nosso país. E foi o que fizemos", declarou entre aplausos.
Pequim respondeu poucas horas depois. "Vamos defender de maneira firme os interesses de soberania, segurança e desenvolvimento da China", disse a porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, antes de pedir ao governo dos Estados Unidos para "trabalhar com a China para devolver as relações sino-americanas ao caminho do desenvolvimento".
Biden afirmou que os EUA precisam de união para "ganhar a competição" com a China.
"Não vou pedir desculpas por estarmos investindo para fazer os Estados Unidos mais fortes: investimento em inovação americana, em indústrias que definirão o futuro que a China pretende dominar".
Biden, porém, absteve-se de usar linguagem belicista ao mencionar pelo nome seu homólogo chinês, Xi Jinping, com quem se encontrou longamente em novembro na Indonésia.
O presidente democrata afirmou ter dito a Xi que busca "a competição, e não o conflito".
A China foi uma das poucas questões sobre política externa mencionadas por Biden em um discurso de uma hora, que aconteceu no momento em que o presidente cogita anunciar que concorrerá a reeleição em 2024.
Ele também prometeu apoio de longo prazo à Ucrânia, mas não mencionou o Irã, o conflito israelense-palestino, a Coreia do Norte ou o devastador terremoto desta semana na Turquia e na Síria.
Pentágono diz que China rejeitou conversas
Um caça americano derrubou um suposto balão chinês de vigilância no sábado, depois que objeto cruzou o Oceano Atlântico.
O episódio levou o secretário de Estado americano, Antony Blinken, a adiar uma visita a Pequim com o objetivo de diminuir as tensões, ao acusar a China de violar a soberania dos EUA.
Blinken afirmou que pretendia manter um cana de comunicação ativo com a China. Mas, no Pentágono, um porta-voz disse que Pequim recusou um pedido para conversar sobre o caso.
O chefe do Pentágono, Lloyd Austin, solicitou uma ligação segura com seu homólogo chinês, Wei Fenghe, depois que Washington derrubou o balão, disse o general Pat Ryder.
"Infelizmente, o PRC rejeitou nosso pedido. Nosso compromisso de abrir linhas de comunicação continuará", acrescentou Ryder, referindo-se à República Popular da China.
A China afirma que era um balão de observação meteorológica itinerante sem propósito militar, mas Washington o classificou como um veículo espião de alta altitude que sobrevoou instalações militares ultrassecretas.
Austin e Wei se encontraram no Camboja em novembro passado, enquanto Washington e Pequim tentavam acalmar as tensões depois que uma visita a Taiwan da então presidente da Câmara, Nancy Pelosi, irritou a China.
O general Glen VanHerck, chefe do Comando Norte dos EUA, disse que um navio da Marinha inspeciona a área para recuperar os restos do balão, que tinha cerca de 60 metros de diâmetro e carregava equipamentos de mais de uma tonelada.
VanHerck afirmou que os restos do balão serão estudados cuidadosamente.