Biden pede a Israel que proteja hospital em Gaza, em meio a bombardeios de Israel

Biden pede a Israel que proteja hospital em Gaza, em meio a bombardeios de Israel

Organizações denunciam "situação muito grave e desumana" no complexo Al Shifa

AFP

Desalojados tentam se proteger no entorno do hospital

publicidade

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu proteção ao principal hospital da Faixa de Gaza, nesta segunda-feira. Milhares de deslocados seguem presos em condições "desumanas" em meio aos combates entre o exército israelense e o Hamas. "Tenho a esperança e a expectativa de que haverá ações menos intrusivas em relação ao hospital", disse Biden em Washington, referindo-se ao complexo de Al Shifa.

No hospital Al Shifa, "a situação é muito grave, é desumana", alertou a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) na rede X (antigo Twitter), citando um dos cirurgiões presentes no complexo. Há dias, os enfrentamentos entre combatentes do Hamas e soldados israelenses se concentra no entorno deste complexo, onde o pessoal de saúde não consegue recuperar os mortos e feridos nas ruas próximas, acrescentou o médico.

"Não temos eletricidade, nem comida, nem água no hospital", disse. O vice-ministro da Saúde do governo do Hamas, Yusef Abu Rich, informou que "sete bebês prematuros" e "27 pacientes sob cuidados intensivos" haviam morrido desde sábado devido à falta de eletricidade nesse hospital, onde há ao menos 600 pacientes e 1.500 deslocados, segundo a OMS.

A situação também é dramática no hospital Al Quds, em outra região onde são travados combates, segundo o Crescente Vermelho palestino. "Nossas equipes estão presas com pacientes e feridos, sem eletricidade, água e comida", disse a organização. Israel bombardeia incessantemente a Faixa de Gaza desde o ataque realizado pelo Hamas em solo israelense em 7 de outubro. Além disso, Israel realiza uma operação terrestre desde 27 de outubro com o objetivo de "aniquilar" o movimento islamista.

Do lado israelense, cerca de 1.200 pessoas morreram, segundo as autoridades, a grande maioria deles civis e no próprio dia do ataque, de magnitude e violência inéditas desde a criação do país em 1948. O Exército israelense, que informou nesta segunda que 44 soldados morreram desde o início da guerra, estima que cerca de 240 pessoas foram levadas como reféns para a Faixa de Gaza em 7 de outubro.

No hospital pediátrico de Al Rantisi, evacuado no sábado, o Exército israelense afirmou ter reunido "indícios que levam a crer que o Hamas mantinha reféns" no local, mostrando imagens de uma mamadeira e de um pedaço de corda perto de uma cadeira.

Em Washington, Biden lembrou que ainda negocia um acordo de "libertação de prisioneiros" com mediação do Catar. Por outro lado, o braço armado do Hamas acusou o governo israelense de "tergiversar" nas negociações sobre a possível libertação de dezenas de reféns em troca de "200 crianças e 75 mulheres" presas em Israel.

No domingo, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, levantou a possibilidade de um acordo para libertar alguns dos reféns, uma condição indispensável, segundo ele, para qualquer possibilidade de cessar-fogo.

Na Faixa de Gaza, os bombardeios israelenses mataram 11.240 pessoas desde 7 de outubro, sobretudo civis, incluindo 4.630 crianças, segundo o Ministério da Saúde do território palestino controlado pelo Hamas. O Exército israelense acusa o movimento islamista palestino de ter instalado uma rede de túneis sob o hospital Al Shifa e de utilizar doentes e refugiados como "escudos humanos". O Exército israelense divulgou imagens mostrando colunas de soldados avançando por campos repletos de escombros, com apoio de tanques e escavadeiras, e disparando de um prédio destruído.

O ministro da Defesa Yoav Gallant afirmou em um vídeo que o Hamas - considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia - "perdeu o controle em Gaza" e que seus combatentes estavam "fugindo para o sul" do território.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895