Blinken retorna ao Oriente Médio após cerco de Israel na Faixa de Gaza

Blinken retorna ao Oriente Médio após cerco de Israel na Faixa de Gaza

Visita ocorre em momento que guerra pode se propagar pelo Oriente Médio

AFP

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O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, chegou nesta sexta-feira (3) a Israel para falar sobre a proteção dos civis palestinos na Faixa de Gaza, onde as tropas israelenses afirmam que cercaram a principal cidade do enclave em sua guerra contra o grupo Hamas. Em um momento de temor de propagação do conflito pela região, o secretário de Estado americano inicia sua segunda viagem ao Oriente Médio desde o início da guerra desencadeada pelo violento ataque do movimento islamista palestino em 7 de outubro.

De modo paralelo, o influente líder do Hezbollah libanês, Hassan Nasrallah, pretende fazer o primeiro discurso desde o início da guerra, no qual deve explicar se o seu grupo, aliado do Hamas e apoiado pelo Irã, entrará de fato no conflito. "Vamos conversar sobre medidas concretas que podem e devem ser tomadas para minimizar os danos aos homens, mulheres e crianças de Gaza", declarou Blinken antes de deixar Washington.

O secretário de Estado se reunirá com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e participará em uma reunião do gabinete de segurança. Desde o ataque do Hamas, que deixou mais de 1,4 mil mortos segundo as autoridades israelenses, os 2,4 milhões de habitantes de Gaza vivem cercados e enfrentam os bombardeios constantes de Israel, que provocaram mais de 9 mil mortes segundo o movimento islamista.

Após uma semana de combates no norte Faixa, os soldados israelenses conseguiram "cercar l cidade de Gaza, centro da organização terrorista Hamas", anunciou na quinta-feira o porta-voz militar Daniel Hagari.

Hamas ameaça

"Estamos no auge da campanha (militar), nossos êxitos são impressionantes", celebrou Netanyahu na quinta-feira durante uma visita a uma base militar perto de Tel Aviv. Ele reconheceu que a operação é "difícil" e inclui "perdas dolorosas". Até o momento, o Exército relatou que 332 soldados morreram, 20 desde o início da operação terrestre.

Vídeos divulgados pelo Hamas mostram os combatentes do grupo saindo de túneis para atacar os tanques israelenses, que enfrentam dificuldades para avançar devido à destruição provocada pelos bombardeios. O porta-voz do braço armado do movimento palestino, Abu Obeida, afirmou que "Gaza será uma maldição na história de Israel" e que muitos de seus soldados "voltarão em sacos pretos".

O Exército israelense afirmou que voltou a bombardear Gaza durante a noite e que enfrentou um "determinado número de unidades terroristas que usaram mísseis antitanque" e artefatos explosivos improvisados. Na densamente povoada cidade de Gaza, alguns moradores procuraram refúgio perto do hospital Al Quds. "Precisamos de um lugar seguro para nossos filhos", declarou à AFP Hiyam Shamlakh, de 50 anos. "Todos estão aterrorizados. As crianças, as mulheres, os idosos", acrescentou.

Desde quarta-feira, feridos e pessoas com passaporte estrangeiro foram autorizadas a sair do território cercado através da passagem de fronteira de Rafah e entrar no Egito - o único acesso à Gaza que não é controlado por Israel. A ONU informou que quase 60 feridos e 400 estrangeiros ou pessoas com dupla cidadania saíram de Gaza na quinta-feira, número similar ao registrado no dia anterior.

Israel anunciou que devolveria a Gaza na sexta-feira todos os trabalhadores do enclave que estavam no seu território no momento do ataque do Hamas, quase de 4.000 pessoas, segundo cálculos da imprensa local.

Tensão no Líbano

A visita de Blinken, que depois viajará para a Jordânia, acontece em um momento de preocupação com uma possível expansão regional do conflito. A guerra aumentou a tensão na Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967, onde cinco palestinos e um israelense morreram na quinta-feira. Israel também anunciou um "vasto ataque" na quinta-feira contra posições do Hezbollah no sul do Líbano, em resposta a disparos procedentes da região contra o norte de seu território.

A ação matou quatro integrantes do grupo xiita. O discurso do líder do Hezbollah, que deve acontecer em uma cerimônia para homenagear os "mártires" do movimento, será acompanhado com atenção no Líbano e em toda a região. A violência provocou 70 mortes no sul do Líbano desde 7 de outubro, segundo uma contagem da AFP, a maioria combatentes do Hezbollah. Do lado israelense morreram oito soldados e u, civil, segundo as autoridades.

Hospitais fechados

Além dos bombardeios contra Gaza, Israel impôs um cerco praticamente total ao território de 362 quilômetros quadrados e cortou o acesso ao abastecimento de água, alimentos, energia elétrica e combustíveis. O cerco foi flexibilizado apenas nos últimos dias para permitir a entrada de alguns suprimentos em pouco mais de 370 caminhões de ajuda humanitária, segundo a ONU, que pede autorização para enviar mais assistência.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) denunciou na quinta-feira que 14 dos 36 hospitais do território estão fora de operação devido à guerra e à falta de combustíveis para os geradores. A situação em Gaza é "indescritível", alertou o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

O Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU afirmou que os bombardeios israelenses contra o campo de refugiados de Jabaliya, o maior de Gaza com 116 mil residentes, poderiam constituir "crimes de guerra".

 

 


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