Boko Haram mata 170 pessoas em 36 horas na Nigéria

Boko Haram mata 170 pessoas em 36 horas na Nigéria

Menina-bomba matou doze pessoas nesta sexta-feira em Malari

AFP

Menina-bomba matou doze pessoas nesta sexta-feira em Malari

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Em pleno mês sagrado do Ramadã, a Nigéria tem a semana mais violenta desde a posse do novo presidente. Quase 170 pessoas foram mortas pelo Boko Haram nas últimas 36 horas. A onda de ataques, que começou na quarta-feira, atingiu várias aldeias no estado de Borno (nordeste), o epicentro da insurgência islâmica, agora filiada ao grupo Estado Islâmico (EI).

Investido em 29 de maio, presidente do país mais populoso da África, Muhammadu Buhari, condenou a nova onda de violência "desumana" e "bárbara". Segundo Buhari, que fez da luta contra a Boko Haram sua prioridade, este derramamento de sangue demonstra a necessidade de "formar uma coalizão internacional mais eficaz" contra o grupo armado.

Minas e cadáveres Os islamitas atacaram primeiro a aldeia de Kukawa, perto do Lago Chade, na quarta-feira à noite. Logo depois da quebra do jejum, eles executaram pelo menos 97 pessoas, fiéis muçulmanos e seus filhos, que oravam na mesquita. E também as mulheres, abatidas em casa.

Menos de duas horas depois, a cerca de 50 quilômetros de distância, perto da cidade de Monguno, 48 outros fiéis, reunidos para a oração da noite, foram fuzilados enquanto duas aldeias foram completamente arrasadas.

Baana Kole, um residente de Kukawa que encontrou refúgio em Maiduguri, capital do estado de Borno, descreveu uma cidade fantasma atormentada pelos insurgentes, cujas ruas ainda estão repletas de cadáveres. "Os moradores que se esconderam nas árvores viram quando eles plantaram várias minas, eles nos alertaram quando retornamos à aldeia para começar a enterrar os nossos mortos", contou.

"Ainda há vários corpos caídos em todos os lugares em Kukawa. Nós tivemos que abandoná-los porque não poderíamos trazê-los com a gente."

Menina-bomba

Nesta quinta-feira, uma adolescente matou 12 pessoas ao se explodir em uma mesquita de Malari, vilarejo próximo de Konduga - a 35 quilômetros de Maiduguri - pouco após o início da oração. "Enquanto as pessoas estavam na mesquita para as orações, ela correu para dentro e se explodiu", contou o segurança Danlami Ajaokuta.

Segundo a fonte, a menina-bomba tinha aproximadamente 15 anos e não era conhecida na cidade. O atentado ainda não foi reivindicado, mas o modus operandi corresponde às ações do grupo islamita Boko Haram, que já usou inúmeras vezes meninas como bombas humanas.

Na madrugada desta sexta-feira, outro vilarejo do estado de Borno foi atacado, o de Miringa. Os islamitas armados selecionaram 11 homens em suas casas, os arrastaram para a rua e os mataram por fugir do recrutamento forçado do grupo armado.

De acordo com uma contagem, os massacres cometidos pelo Boko Haram fizeram 423 mortos desde a ascensão ao poder do novo presidente. Uma operação militar regional lançada em fevereiro pela Nigéria e países vizinhos permitiu o poder nigeriano recuperar quase todas as cidades do nordeste controladas pelo Boko Haram, e expulsar o grupo armado de seu reduto na floresta de Sambisa.

Mas os islamitas continuam operantes, especialmente na região do Lago Chade. A região do Lago Chade "é um vasto território que escapa ao controle das autoridades", e o Boko Haram é um grupo "muito móvel", considera o professor Kyari Mohammed, um especialista em Boko Haram.

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