Bombardeio russo contra outra fábrica de armas deixa um morto perto de Kiev

Bombardeio russo contra outra fábrica de armas deixa um morto perto de Kiev

Várias pessoas ficaram feridas em ataque

AFP

Bombardeio deixou um morto na Ucrânia

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A Rússia bombardeou neste sábado (16) uma nova fábrica militar perto de Kiev, a capital da Ucrânia, deixando um morto e vários feridos, enquanto o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, advertiu que a "eliminação" de seus soldados em Mariupol, no sul do país, acabaria com as negociações de paz com Moscou.

Nessa cidade portuária estratégica do sudeste do país, assediada há mais de um mês pelas forças russas, "não há alimentos, nem água, nem remédios", assinalou o líder ucraniano em uma entrevista. Zelensky também acusou os russos de "recusar" o estabelecimento de corredores humanitários.

Em relação às mortes, "Mariupol pode ser dez vezes mais que Borodianka", uma pequena cidade nos arredores de Kiev destruída pelos soldados russos e onde foram cometidas supostas violações dos direitos humanos, afirmou Zelensky.

Nesse sentido, o líder ucraniano advertiu que "a eliminação" por parte das forças russas dos militares ucranianos que ainda estão em Mariupol, "colocaria fim a qualquer negociação de paz" com a Rússia.

"Os remanescentes [do grupo de combatentes] ucranianos [em Mariupol] estão, atualmente, completamente presos na usina metalúrgica da Azovstal. A única possibilidade de eles salvarem suas vidas é depondo voluntariamente as suas armas e se render", declarou, por sua vez, o porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, Igor Konashenkov.

No dia 11 de abril, o exército ucraniano anunciou que estava se preparando para "uma batalha final" na cidade, situada às margens do Mar de Azov.

Novo ataque perto de Kiev

Pelo menos uma pessoa morreu e muitas outras tiveram que ser hospitalizadas depois de um bombardeio russo contra uma fábrica militar no complexo industrial do distrito de Darnytsky, na periferia de Kiev, informou o prefeito da capital, Vitali Klitschko.

O complexo industrial fabrica principalmente tanques e muitos militares e socorristas foram enviados ao local.

Em Moscou, o Ministério da Defesa confirmou o ataque. "Armas ar-terra de longo alcance e alta precisão destruíram edifícios de uma planta de produção de armamento em Kiev", informou o ministério em comunicado difundido no aplicativo de mensagens Telegram.

Este não é o primeiro ataque da Rússia contra uma fábrica. Na sexta, Moscou bombardeou outra planta na região de Kiev, que produzia os mísseis Neptune, usados pelo exército ucraniano para afundar o cruzador russo Moskva, segundo a Ucrânia.

A Rússia, por outro lado, insiste que o Moskva foi danificado por um incêndio provocado pela explosão de suas próprias munições, e que a tripulação - cerca de 500 homens segundo as fontes disponíveis - tinha sido evacuada.

Essas afirmações, no entanto, foram desmentidas por uma oficial militar ucraniana. "Uma tempestade impediu o resgate da embarcação e a retirada da tripulação", declarou Natalia Gumeniuk, porta-voz do comando militar do sul da Ucrânia.

Porém, neste sábado, o Ministério da Defesa russo divulgou um vídeo, de cerca de 30 segundos, em que supostamente aparece o chefe da marinha, Nikolai Yevmenov, junto com a tripulação resgatada do cruzador.

Estas são as primeiras imagens divulgadas de supostos tripulantes do Moskva desde que o navio naufragou na última quinta-feira.

Os ataques russos contra Kiev têm sido escassos desde o fim de março, quando Moscou retirou suas tropas da capital e anunciou que concentraria sua ofensiva no leste da Ucrânia.

Não obstante, a perda do Moskva provocou a ira de Moscou, que afirmou na sexta-feira que voltaria a intensificar os ataques contra a capital ucraniana pelas "agressões" sofridas em seu território.

Ante essa advertência, o prefeito de Kiev pediu, mais uma vez, que os moradores que deixaram a capital não retornem ainda e permaneçam em um "lugar seguro".

Contudo, em um sábado bonito de sol, os moradores da capital saíram às ruas para passear e, inclusive, tomar uma bebida em espaços abertos.

"Esta é a primeira vez que viemos ao centro, queríamos ver se os transportes estavam funcionando e ver gente. Ver as pessoas me faz muito bem", contou Nataliya Makrieva, uma veterinária de 43 anos.

Bombardeio contra refinaria

Mais de 5 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia desde o início da invasão russa e mais de 7 milhões se tornaram em refugiados internos, de uma população total de 37 milhões de habitantes, segundo a ONU.

No leste da Ucrânia, a quatro quilômetros de Lisichansk, as forças russas bombardearam uma refinaria de petróleo, segundo as autoridades locais.

O local está próximo da linha de frente e, neste sábado, os jornalistas da AFP puderam observar uma enorme coluna de fumaça preta e várias partes da refinaria que ainda estavam em chamas.

A Ucrânia também afirmou ter destruído quatro mísseis de cruzeiro disparados por aviões russos, que decolaram da vizinha Belarus, sobre a região oeste de Lviv.

Já no sul, em Odessa, "a defesa antiaérea russa derrubou, em pleno voo, um avião de transporte militar ucraniano que entregaria um grande lote de armas fornecidas à Ucrânia pelos países ocidentais", informou hoje o Ministério da Defesa russo.

Ameaça nuclear? 

Zelensky voltou a pedir que o mundo se "prepare" para o possível uso de armas nucleares por parte da Rússia.

Precisamos de "medicamentos [contra a radiação], abrigos antiaéreos", disse, durante uma entrevista a vários meios de comunicação ucranianos.

Segundo Zelensky, cerca de 3.000 soldados ucranianos morreram e dezenas de milhares ficaram feridos desde o início da guerra, em 24 de fevereiro.

Por sua vez, a vice-primeira-ministra da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, ressaltou que a Rússia mantém retidos 1.000 civis ucranianos e 700 prisioneiros militares, enquanto a Ucrânia capturou cerca de 700 soldados russos.

Em uma nova mensagem de vídeo, Zelensky reiterou aos países ocidentais que eles podem "tornar a guerra muito mais curta" se forneceram a Kiev as armas que solicita.

Em uma conversa telefônica com o chefe do Estado-Maior do exército dos Estados Unidos, Mark Milley, seu colega ucraniano, Valery Zaluzhny, também destacou a necessidade urgente de armas e munições.

A Rússia, por outro lado, advertiu, em uma nota diplomática, os Estados Unidos e a Otan contra o envio de armas "mais sensíveis" à Ucrânia, ao assinalar que esses equipamentos militares colocariam "mais gasolina na fogo" e poderiam provocar "consequências imprevisíveis", segundo o jornal americano Washington Post.

No âmbito diplomático, Moscou também anunciou que proibirá a entrada em seu território do primeiro-ministro britânico Boris Johnson e de outros integrantes do primeiro escalão de seu governo, como resposta às sanções impostas contra a Rússia.


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