Boris Johnson é atacado por problemas na Saúde em reta final de campanha
Após o Brexit, que está no centro das eleições, o NHS é a segunda preocupação dos eleitores
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A dois dias das eleições legislativas no Reino Unido, a oposição trabalhista concentrou nesta terça-feira seus ataques ao primeiro-ministro Boris Johnson sobre as deficiências do sistema de saúde britânico, denunciando as consequências de anos de austeridade conservadora. À frente nas pesquisas, o líder conservador parece estar a caminho de vencer as eleições antecipadas, as segundas desde o referendo do Brexit em 2016, para tirar seu país da União Europeia em 31 de janeiro, após três adiamentos.
Mas, no auge da campanha, pareceu pela primeira vez desestabilizado na segunda-feira por uma foto de um menino de quatro anos, doente, deitado no corredor de um hospital por falta de leito disponível.
Um jornalista tentou mostrar a foto em seu telefone na frente de uma câmera de televisão, mas Boris Johnson se recusou a vê-la, insistindo em suas promessas de financiar melhor o sistema de saúde gratuito (NHS) sem demonstrar empatia. Ele então admitiu que a imagem era "terrível" e pediu desculpas.
Para o líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn, que tem conduzido uma campanha focada na defesa dos serviços públicos, mas que é criticado por sua indecisão a respeito do Brexit, "é um exemplo do que está acontecendo em nosso NHS". "Estudos mostram que há um grande número de hospitais em que os pacientes estão em risco por falta de pessoal, falta de equipamentos, falta de manutenção dos edifícios", afirmou esta manhã na BBC, denunciando o "sub-financiamento do NHS durante a austeridade dos últimos nove anos".
Após o assunto Brexit, que está no centro das eleições, o NHS é a segunda preocupação dos eleitores. A questão é vista como a principal força do programa trabalhista de esquerda, de acordo com um estudo do Instituto YouGov. "Todos os dias em que a conversa é sobre o NHS é uma vitória tática para o Partido Trabalhista e uma derrota para os conservadores", disse o jornalista político Jack Blanchard.
Promessas de financiamento
Tentando se livrar da imagem de austeridade associada a eles, os conservadores se comprometeram a aumentar os fundos alocados ao NHS em 34 bilhões de libras esterlinas (40,2 bilhões de euros) em cinco anos. O Partido Trabalhista prometeu aumentar o orçamento do NHS em 4,3% ao ano, tornar gratuito exames dentários anuais e oferecer uma bolsa de treinamento para enfermeiros.
O tabloide The Mirror, que publicou na segunda-feira em sua capa a foto do garoto para ilustrar os problemas do NHS, voltou nesta terça-feira com outra foto, desta vez de uma menina de nove meses deitada em uma cadeira na ala de emergência onde esperou seis horas. "Aqui está outra foto que você não vai querer ver, Sr. Johnson", escreveu o tabloide.
Na esperança de fazer esquecer rapidamente a polêmica indesejada, Boris Johnson postou no Twitter um vídeo parodiando um trecho da comédia romântica "Simplesmente Amor". Ele aparece tocando a campainha de uma eleitora, prometendo, com cartazes, que "com um pouco de sorte, até o próximo ano, teremos realizado o Brexit (se o Parlamento não o bloquear novamente)".
Jeremy Corbyn também apostou no humor em um vídeo postado na mesma rede social em que responde a mensagens agressivas, evocando, por exemplo, seu "chapéu de comunista": "O que é um chapéu de comunista? Eu uso boné! É como diziam que eu tinha uma bicicleta maoísta, é uma bicicleta!".
Desde o início da campanha, as pesquisas dão a vitória ao Partido Conservador de Boris Johnson, mas dois dias antes da eleição o primeiro-ministro não considera a vitória conquistada e adverte que o risco de um Parlamento bloqueado, sem maioria, está "bem presente".