Brasil não vai discutir no Conselho de Segurança da ONU sanções ao Irã

Brasil não vai discutir no Conselho de Segurança da ONU sanções ao Irã

Chanceler brasileiro e Lula estão conversando com líderes mundiais sobre a questão

Agência Brasil

Acordo com Irã segue em discussão

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O Brasil não vai discutir na reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque, as sanções ao Irã, informou o Itamaraty na noite desta terça-feira. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, como houve o acordo em Teerã, o Brasil, que é um dos membros provisórios do Conselho de Segurança, avalia que não há como discutir as sanções ao país islâmico neste momento.

Lula e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, continuam em contato com líderes mundiais para tentar explicar o acordo assinado na segunda-feira em Teerãque encerra uma das etapas de negociações envolvendo o programa nuclear iraniano.

Pelo acordo, o Irã poderá enriquecer 1,2 mil quilos de urânio a 20%, em outro país, recebendo em troca material combustível necessário às suas pesquisas nucleares. O Irã permitirá a presença de inspetores da Agência Nacional de Energia Atômica (Aiea) em seu território para acompanhar os detalhes do compromisso.

Chanceler concedeu entevista à tarde

Segundo o chanceler, que conversou na tarde desta terça-feira com jornalistas no Itamaraty, em Brasília, ninguém conseguirá ignorar o acordo assinado em Teerã. "Um jornal insuspeito como o Financial Times faz hoje (terça) uma apreciação muito razoável sobre as possibilidades que o acordo abre. Acho que ignorar esse acordo seria uma atitude de desprezar uma solução pacífica. Não creio que se possa fazer isso."

Amorim disse que antes de viajar com Lula para Teerã já tinha tomado conhecimento de que membros permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) estariam elaborando resolução propondo novas sanções contra o Irã, mas aguardariam os resultados da viagem de Lula. Segundo Amorim, ainda não houve tempo para uma análise do documento. "Se você tem um resultado e no dia seguinte alguém apresenta uma resolução de sanções, na realidade a espera era puramente protocolar."

O ministro disse que o anúncio de que o Irã continuaria com seu programa de enriquecimento de urânio mesmo após a assinatura do acordo com o Brasil e com a Turquia é assunto para ser tratado numa segunda etapa.

"Nós não pretendíamos resolver todos os problemas de uma única vez. Isso exige uma conversa não com o Brasil, mas com os integrantes permanentes do Conselho de Segurança da ONU, sobre cujos resultados sou otimista. Nós pusemos a bola na área, mas quem tem que fazer o gol são os membros permanentes do Conselho e os representantes da Agência Nacional de Energia Atômica (Aiea)."

Amorim ressaltou que a continuidade do programa de enriquecimento do urânio não fez parte das negociações que resultaram no acordo assinado na segunda. "Eu confio no bom senso das pessoas e acho que nós ajudamos a dar uma chance para uma negociação pacífica. Não fomos nós que inventamos o acordo. Ele já tinha sido proposto pelo Conselho de Segurança da ONU e pela agência atômica."

Segundo o ministro, o que o Brasil e a Turquia fizeram foi procurar uma maneira de operacionalizar o acordo assinado com o Irã. "Acho, portanto, que isso deveria ser examinado com muita atenção por quem vai propor novas sanções contra o país. Quem desprezar essa chance de negociações pacíficas e achar que sanções são necessárias que assuma a responsabilidade assim como nós assumimos as nossas."

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