Brasil tenta barrar crítica à Guerra da Ucrânia na declaração de Brasília

Brasil tenta barrar crítica à Guerra da Ucrânia na declaração de Brasília

Carta de ministros da Defesa de 34 países das Américas está em discussão na capital federal

AE

Brasil tenta barrar crítica à Guerra da Ucrânia

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Militares do Brasil trabalharam para barrar uma condenação à guerra na Ucrânia e um pedido de cessar-fogo na Declaração de Brasília, a carta de ministros da Defesa de 34 países das Américas, em discussão na capital federal. A redação final do documento passava ontem pelos últimos ajustes. O texto precisa ser aprovado e assinado hoje em reunião plenária da Conferência de Ministros da Defesa das Américas (CMDA).

O Canadá, com apoio dos EUA, sugeriu que a declaração abordasse a guerra e suas consequências. Os canadenses indicaram a inclusão do seguinte parágrafo: "Seu compromisso de defender os valores da autodeterminação, da liberdade de opressão estrangeira, do respeito às fronteiras reconhecidas internacionalmente e da soberania nacional - sobre os quais todos os Estados-membros da CMDA foram fundados."

Diplomacia

O Brasil, no entanto, liderou a oposição à inclusão da guerra no texto e foi acompanhado por Argentina, México e Chile, cujos governos são de esquerda. O capitão de Mar e Guerra Ciro de Oliveira Barbosa, coordenador-geral da Seção de Organismos Interamericanos, argumentou que o conflito entre Rússia e Ucrânia não deveria ser tratado no âmbito da CMDA, "já que existiriam outros organismos internacionais mais apropriados para a tratar do conflito".

Com aval do presidente Jair Bolsonaro, a diplomacia brasileira votou contra a Rússia em instâncias da ONU, mas não se alinhou totalmente ao Ocidente e pediu o abrandamento dos termos em relação a Moscou. A posição é vista como dúbia pelas potências ocidentais, lideradas pelos EUA.

"Neutralidade"

O presidente brasileiro afirmou que adotou "neutralidade" e "equilíbrio" com relação à guerra, posição questionada pelo presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski. Dias antes da invasão russa, Bolsonaro visitou Moscou e se reuniu com o presidente russo, Vladimir Putin.

Na ocasião, Bolsonaro disse que se solidarizava com a Rússia. No fim da visita, oito dias antes da invasão, ele sugeriu que Putin havia recuado pro causa de sua presença. "Coincidência ou não, parte das tropas deixou a fronteira", disse o presidente brasileiro.

Até agora, os russos têm recorrido ao Brasil para evitar isolamento diplomático e bloqueios em organismos internacionais, como G-20 e FMI. O Brasil se colocou contra as sanções econômicas a Moscou.


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