Buraco do ozônio sobre Antártica está perto do recorde 2006

Buraco do ozônio sobre Antártica está perto do recorde 2006

Segundo relatório, a espessura total da camada de ozônio diminuiu em cerca de 60%

AFP

Segundo relatório, a espessura total da camada de ozônio diminuiu em cerca de 60%

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O buraco na camada de ozônio sobre a Antártica, escudo gasoso que protege a Terra da radiação solar ultravioleta, está se aproximando este ano do recorde de 2006. De acordo com pesquisadores franceses, essa extensão não é preocupante. "Este ano, nos damos conta de que estamos chegando a um buraco na camada de ozônio que se aproxima do recorde observado em 2006", delcarou Sophie Godin-Beekmann, diretora de pequisa do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) francês.

"Observamos o fenômeno, mas ainda não analisamos porque ele está maior este ano", afirmou a pesquisadora durante a apresentação à imprensa de um relatório da academia de ciências sobre a evolução do ozônio atmosférico. "Sua extensão atual não é  um problema que nos perturba na escala da variação a longo prazo do ozônio. É realmente um problema meteorológico específico este ano e não é preocupante", ressaltou Marie-Lise Chanin, diretora de pesquisa emérita do CNRS.

O relatório lembra que o buraco na camada de ozônio tornou-se "um fenômeno sazonal recorrente no hemisfério sul". "Na Antártica, a quase totalidade do ozônio entre 15 e 20 quilômetros (de altitude) é destruída anualmente na primavera. A espessura total (da camada) de ozônio diminuiu em cerca de 60%".  Após o aumento regular ao longo dos anos 1980, a superfície deste buraco se estabilizou ao redor de 20 a 25 milhões de km² na década seguinte. Desde os anos 2000, ela mostra uma variabilidade aumentada, com um recorde de 27 milhões de km2 alcançados em 2006, acrescenta o texto.

A camada de ozônio protege a Terra das radiações ultravioletas e seu desbaste, constatado no início dos anos 1980 pelo fato da ação humana, levantou uma grande preocupação em razão das consequências para a saúde.  Segundo um estudo da ONU publicado em setembro de 2014, esta camada está se restabelecendo graças à ação internacional travada contra  as substâncias químicas que empobrecem o ozônio, os famosos gases CFC, no quadro do Protocolo de Montreal.  Seguno o texto, a reconstituição da camada poderá impedir  dois milhões de casos de câncer de pele anualmente de hoje a 2030.

Nível da camada deve retomar padrões melhores

De acordo com a ONU, a camada de ozônio deve voltar ao nível dos anos 1980 – época anterior aos estragos mais significativos – antes da metade do século nas latitudes médias e no Ártico, e um pouco mais tarde na Antártica.
Segundo a Academia de Ciências, na Antártica, o retorno ao nível dos anos 1980 deve ocorrer após 2060. 

Questionada sobre as relações entre o ozônio e o clima, a seis semanas da Conferência do Clima de Paris (COP21), Sophie Godin-Beekmann lembrou que o buraco na camada de ozônio desempenha um papel importante no clima do hemisfério sul. "Ele transferiu para o sul as zonas de fortes precipitações, e mudou também um pouco a circulação atmosférica, aumentando os ventos no oceano Antártico", explicou a especialista.

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