Cúpula de Paris quer acelerar luta contra mudança climática

Cúpula de Paris quer acelerar luta contra mudança climática

Líderes de países das Américas acordaram em fixar um preço às emissões de gases de efeito estufa

AFP

Presidente da França, Emmanuel Macron, foi o anfitrião da cúpula

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Redução no uso de energias fósseis, pressão sobre as empresas para serem mais "verdes", assinatura de acordos: a "One Planet Summit" sobre o clima, que acontece nesta terça em Paris, foi o momento de atores econômicos e financeiros anunciarem seus compromissos contra a mudança climática.

Petróleo e gás

O Banco Mundial anunciou que, a partir de 2019, não vai mais financiar a exploração de petróleo e de gás. A instituição se torna o primeiro banco multilateral a anunciar um compromisso nesse sentido no setor. Em 2016, seus financiamentos para a indústria do petróleo e do gás representaram quase 1,6 bilhão de dólares, ou seja, menos de 5% da totalidade dos fundos acordados no mesmo ano.

Além disso, a partir de 2018, a instituição passará a publicar todos os anos as emissões de gases causadores do efeito estufa decorrentes dos projetos financiados por ela em setores mais sensíveis, como o de energia. Também pretende generalizar a adoção de um preço interno do carvão em seus futuros investimentos.

Carvão

A seguradora Axa anunciou que abrirá mão de atender e de investir em qualquer empresa envolvida na construção de centrais de carvão. O grupo francês também considera a retirada de quase 2,5 bilhões de euros em investimentos no setor.

A Axa prometeu ainda se desvincular de projetos da ordem de 700 milhões de euros ligados a areias betuminosas. Em paralelo, aumentará em 9 bilhões de euros seus investimentos "verdes" - em infraestrutura, por exemplo - até 2020.

O banco holandês ING se comprometeu a "acelerar a redução" dos financiamentos destinados às centrais de carvão. Até 2025, financiará apenas os produtores de eletricidade que usem menos de 5% do carvão e também vai parar de financiar os projetos de centrais de carvão. No último ano, esses financiamentos diretos caíram em 9%.

Em contrapartida, o grupo considera "mais complexo" parar de financiar a indústria do petróleo e do gás. Segundo previsões da Agência Internacional de Energia (AIE), os combustíveis fósseis continuarão fornecendo metade da energia consumida em 2040.

Risco climático


Na cúpula, mais de 200 empresas decidiram adotar as recomendações de um grupo de trabalho ligado ao G20 para melhorar sua adoção do risco climático em suas atividades. Entre elas, estão 20 dos mais importantes bancos do mundo e 80% dos administradores de ativos, como o HSBC, ou a AXA.

Essas empresas se comprometem a publicar "não apenas sua estratégia para administrar os riscos (climáticos), mas também para aproveitar as oportunidades" da luta contra o aquecimento global.

Empresas sob vigilância

Um grupo de mais de 200 grandes investidores, como o HSBC e o maior fundo público de pensões americano (CalPERS), decidiu pressionar 100 dos maiores emissores de gases causadores do efeito estufa para que melhorem sua "governança" sobre a mudança climática, reduzam suas emissões e reforcem a publicação de suas informações financeiras referentes ao clima.

A lista das 100 empresas alvo dessa iniciativa, chamada de "ClimateAction 100+", inclui, sobretudo, grandes grupos de petróleo e gás (BP, Chevron, Coal India, etc.), atores do setor de transportes (Airbus, Ford, Volkswagen, etc.) e grupos de mineração e da siderurgia (ArcelorMittal, BHP Billiton, Glencore, etc.).

Durante cinco anos, esses 225 investidores vão acompanhar essas empresas de perto. Se fizerem progresso suficiente, poderão ser retiradas da lista.

Fixar preços sobre o carbono

Líderes de países das Américas acordaram em fixar um preço às emissões de gases de efeito estufa para combater o aquecimento global.

A iniciativa foi lançada por líderes de Canadá, Colômbia, Chile, México, os governadores da Califórnia e de Washington, e os primeiros-ministros das províncias canadenses de Alberta, Columbia Britânica, Nova Escócia, Ontário e Québec, no Marco de Cooperação das Américas.

Orçamentos "verdes"

O presidente da OCDE, Ángel Gurría, anunciou o lançamento de uma iniciativa batizada "Paris Collaborative on Green Budgeting", à qual vão se unir França e México, e que contribuirá para a elaboração de metodologias para estabelecer "orçamentos nacionais 'verdes'".

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