Canal de comunicação entre as Coreias é reaberto
Após quase dois anos, linha vermelha foi reativada para diálogo sobre participação nas Olimpíadas de Inverno
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"A conversa telefônica durou 20 minutos", declarou à AFP um funcionário do ministério da Unificação da Coreia do Sul, sem mais detalhes. Recentemente, o governo de Seul propôs diálogo ao seu vizinho, em resposta a um gesto do líder norte-coreano, que evocou uma possível participação nas Olimpíadas de Inverno que acontecem no próximo mês na Coreia do Sul.
Kim Jong-Un aproveitou seu discurso de Ano Novo à Nação para esse raro gesto em direção ao Sul, em um contexto de crescente tensão. Nos últimos meses, o Norte realizou uma série de disparos de mísseis balísticos e seu sexto teste nuclear, avançando em suas ambições militares.
Seul propôs a realização em 9 de janeiro, pela primeira vez desde 2015, de discussões de alto nível em Panmunjom sobre as Olimpíadas, mas também sobre "outras questões de interesse mútuo para a melhoria das relações intercoreanas". O líder norte-coreano também aproveitou o discurso de Ano Novo para reiterar que seu país é um Estado nuclear, advertindo que sempre mantém o "botão atômico" ao alcance dos dedos.
"Maior e mais poderoso"
A declaração provocou um novo tuíte de Donald Trump, em seu estilo muito particular. "O líder norte-coreano Kim Jong-Un disse que tem 'o botão nuclear sempre em seu escritório'. Alguém deste debilitado e famélico regime deve informar a ele que eu também tenho um botão nuclear, maior e mais poderoso que o dele, e que o meu botão funciona", escreveu o americano. Washington também rejeitou a perspectiva de um diálogo intercoreano.
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, considerou que seu país "não levará a sério qualquer reunião (entre Seul e Pyongyang) que não preveja a total proibição de armas nucleares na Coreia do Norte". Já a porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, disse que Kim "pode estar tentando romper a ligação" entre Seul e Washington. Pyongyang não pareceu se incomodar com a reação americana. Kim Jong-Un saudou o apoio de Seul à sua proposta, de acordo com Ri Son-Gwon, chefe do Comitê norte-coreano para a Reunificação Pacífica da Coreia (CRPC).
O Norte e o Sul estão separados há décadas pela Zona Desmilitarizada (DMZ), uma das fronteiras mais fortemente armadas do mundo. As últimas
discussões bilaterais, em dezembro de 2015, fracassaram. A linha telefônica de Panmunjon era utilizada duas vezes por dia antes de ser interrompida em fevereiro de 2016, após a deterioração das relações bilaterais relacionadas a uma disputa sobre o complexo industrial conjunto Kaesong.
"Oportunidade para a paz"
O presidente sul-coreano, Moon Jae-In, há muito defende o diálogo, mas Washington sempre ressaltou que não aceitará uma Coreia do Norte com armas nucleares. Pyongyang diz que precisa da arma atômica para se proteger da hostilidade de Washington, e tenta desenvolver uma ogiva nuclear capaz de atingir o território continental dos Estados Unidos.
A ONU adotou uma série de sanções na tentativa de dissuadir a Coreia do Norte, sem sucesso. Moon elogiou o Norte por "uma resposta positiva à nossa proposta de tornar as Olimpíadas de Pyeongchang uma oportunidade revolucionária para a paz". Qualquer aproximação intercoreana ocorreria em um contexto de suspeita ou até mesmo de hostilidade por parte de Washington, enquanto Kim e Trump trocam insultos pessoais há meses.
O presidente americano chamou Kim de "gorducho" e "homem foguete". O líder norte-coreano descreveu o ocupante da Casa Branca como "um velho
mentalmente perturbado".