Cardeais cobram informações sobre Igreja em primeira reunião

Cardeais cobram informações sobre Igreja em primeira reunião

Religiosos enviaram uma mensagem de agradecimento a Bento XVI

AFP

Primeira congregação de preparação para o conclave reuniu 142 cardeais

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Durante a primeira congregação de preparação para o conclave que vai eleger o novo Papa realizada nesta segunda-feira, o grupo de cardeais que enviou uma mensagem de agradecimento a Bento XVI, mas também cobrou explicações francas sobre o funcionamento da Igreja. Nesta primeira reunião, os cardeais prestaram juramento de manter em segredo o conteúdo dos encontros. "Mas poderão falar à imprensa sobre questões da Igreja", indicou o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi em entrevista coletiva.

"Queremos estar cientes do que está acontecendo no Vaticano, no conjunto da organização central da Igreja que passou por turbulências nos últimos tempos", declarou a alguns jornalistas o cardeal francês Philippe Barbarin. "Se quisermos fazer boas decisões, estou certo de que devemos ter algumas informações relacionadas a isto", acrescentou o cardeal sul-africano Wilfrid Napier, sobre o escândalo do Vatileaks que revelou as intrigas e graves tensões na Cúria romana.

O cardeal arcebispo de Paris, André Vingt-Trois, compartilhou da mesma opinião. "Acredito que permaneceremos aqui toda a semana e alguns dias da próxima. Tomaremos todo o tempo necessário para determinar qual o perfil de Papa que precisamos. Gostaria que fosse poliglota, um homem de fé e diálogo. Ele poderia ser jovem, mas não obrigatoriamente. O novo Papa precisará obrigatoriamente enfrentar os problemas na Cúria", declarou o prelado francês.

Bento XVI, muito respeitado por sua mensagem religiosa e coerência, foi, em contrapartida, criticado por não ter realizado reformas no governo central da Igreja. Lombardi indicou que não haverá uma discussão geral sobre o Vatileaks, mas afirmou que os cardeais, vindos do mundo inteiro, poderão pedir "todas as informações que julgarem necessárias". O momento conturbado no Vaticano e, mais recentemente, as especulações sobre um suposto "lobby gay", não são bem vistas pelos cardeais do exterior. Segundo eles, estes problemas deformam a imagem de uma Igreja dinâmica e corajosa que deve enfrentar problemas de sobrevivência.

Para o cardeal espanhol Carlo Amigo Vallejo, "Vatileaks, é muito barulho por nada, apenas problemas de organização, de perfeccionismo da estrutura". Os cristãos da África "não se preocupam muito com os pequenos problemas de nossa vida interna e organização", disse. O cardel francês Barbarin insistiu, no entanto, que os cardeais devem ter "uma visão de Igreja universal".

Os 209 cardeais, eleitores (com menos de 80 anos) ou não, foram convocados para estas congregações de preparação do conclave. Nesta segunda-feira, 142 estavam presentes, dos quais 103 eleitores, informou Federico Lombardi. Entre os ausentes, o ex-arcebispo da Escócia, Keith O'Brien, que admitiu no domingo ter tido "comportamentos inadequados" com jovens padres de sua diocese, após sua renúncia ser aceita por Bento XVI na semana passada.

Estas primeiras congregações permitirão que os cardeais vindos dos cinco continentes discutam sobre assuntos da Igreja. O anúncio de uma data para o conclave não está previsto para esta segunda-feira. Todos os 115 cardeais eleitores devem estar presentes para decidir a questão. À tarde, uma meditação deve ser proposta pelo pregador da Casa Pontificial, o padre capuchinho Raniero Cantamalessa.

A escolha do próximo Papa ainda está em aberto: muitos são os nomes de destaque, entre eles o do italiano Angelo Scola, o austríaco Christoph Schoenborn, o húngaro Peter Erdeo, o americano Sean O'Malley, o canadense Marc Ouellet, o brasileiro Odilo Scherer, o ganês Peter Turkson e o filipino Luis Antonio Tagle.

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