Carlos Ghosn deixa o centro de detenção de Tóquio após pagar fiança

Carlos Ghosn deixa o centro de detenção de Tóquio após pagar fiança

Ex-presidente da Renault-Nissan ficará detido em prisão domiciliar e não poderá ver esposa sem autorização do Tribunal

Correio do Povo

Tribunal negou recurso da acusação para impedir saída do empresário

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Liberado sob fiança de ienes, Carlos Ghosn deixou nesta quinta-feira a prisão em Tóquio, poucas horas após a rejeição de um recurso da acusação para impedir sua saída. O tribunal da capital japonesa havia aprovado o pedido de liberadade condicional do ex-presidente da Renault-Nissan, mas a promotoria imediatamente apelou, dizendo que era "lamentável"que o tribunal tivesse dado sinal verde "apesar dos temores de destruição de provas". O magnata do ramo automobilístico de 65 anos, que renunciou aos seus cargos no iníco do ano, já havia sido preso e solto, mas retornou ao centro de detenção de Kosuge em 4 de abril.

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O ex-executivo saiu do local às 10h20min de Brasília, cercado de guardas, diante das câmeras da imprensa, e seguiu para um carro. As razões para a decisão de liberação não foram divulgadas, mas o juiz foi sensível aos argumentos dos advogados, que insistiram na ausência de risco de destruição de provas e de fuga. Eles também destacaram um problema médico, uma "insuficiência renal crônica", mencionada pelo principal defensor de Ghosn no início desta semana. Ele estará sujeito a condições rigorosas: "prisão domiciliar, proibição de deixar o Japão e outras condições para impedir a destruição de provas e fuga", disse o tribunal. Ele terá o direito de ver sua esposa apenas "desde que o tribunal aprove previamente", explicou seu advogado, Junichiro Hironaka, à imprensa.

O franco-libanês-brasileiro passou 108 dias em detenção depois de ter sido preso pela primeira vez em novembro. Foi liberado sob fiança de 500 milhões de ienes, no início de março, mas foi enviado novamente à cadeia por novas alegações de que ele causou perdas à Nissan na casa de 5 milhões de dóalres por desviar dinheiro de um fundo discricionário da empresa para uma empresa administrada por sua esposa. A quantia teria sido usada para compraro o "Schachou" (patrão em japonês), um iate luxuoso avaliado em 12 milhões de euros.

Ao todo, Ghosn é alvo de quatro denúncias por malversação financeira, incluindo sonegação de impostos. A última denúncia, realizada na segunda-feira, o executivo foi acusado de abuso de confiança com agravante relacionado ao desvio de fundos da Nissan. Ele é suspeito de transferir dinheiro da Nissan para um distribuidor de veículos da marca em Omã. De acordo com fontes próximas ao caso, o dinheiro foi transferido por meio de uma empresa no Líbano para o Shogun Investments LLC, um fundo nos Estados Unidos controlado por Anthony, seu filho.

O executivo, que já foi o todo poderoso presidente da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi Motors, foi denunciado duas vezes por não declarar todos os rendimentos entre 2010 e 2018 nos documentos que a Nissan entregou às autoridades financeiras japonesas. Também foi denunciado por abuso de confiança e pela tentativa de fazer a Nissan compensar as perdas em seus investimentos pessoais durante a crise financeira de 2008.

* Com informações da AFP


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