Catalunha declara independência, mas suspende efeitos para dialogar com Madri
Governador catalão, Carles Puigdemont, anunciou decisão em sessão do Parlamento
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O presidente do governo catalão, Carles Puigdemont, anunciou em uma sessão do Parlamento nesta terça-feira a independência da região, em desafio à Espanha, mas pediu que os efeitos da medida fiquem suspensos até o governo catalão negociar e dialogar com Madri para chegar a um acordo sobre as demandas do povo da Catalunha. "Nosso governo não se distanciará da democracia", ressaltou ele. A separação não é reconhecida por Madri, que a considera ilegal.
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"Peço ao Parlamento que suspenda a declaração de independência para iniciar um diálogo nas próximas semanas", declarou o líder ante os deputados catalães em Barcelona.
Carles Puigdemont agradeceu a cooperação de todas as pessoas que ajudaram a organizar a consulta, falou sobre os "ataques policiais violentos" contra os manifestantes e teve palavras de lembrança para os mais de 800 pessoas foram tratadas. O objetivo das ações policiais, ele disse, era "semear o medo" em que ele descreveu como sem precedentes nas democracias europeias. Anteriormente, Puigdemont não for avisado esperar por seus "insultos e ameaças" de fala.
Puigdemont também criticou o discurso do rei. "O discurso na semana passada confirmou o pior cenário possível", acrescentou, antes de acrescentar que a Catalunha ganhou o direito de ser um estado independente.
"Nada, nem a violência, impediu o plebiscito", disse Puigdemont, e enviou seus sentimentos aos manifestantes que ficaram feridos no dia da votação, realizada no dia 1.º. Ele também ressaltou a importância de desescalar a tensão. "Nenhuma instituição espanhola está aberta a falar sobre o nosso futuro. (...) A relação que temos com a Espanha hoje não funciona."
A região vive há três anos campanhas intensas pela separação e protestos nas ruas. Em meio às tentativas de Madri de barrar o movimento, a polícia da Espanha chegou a anunciar que estaria pronta fora do Parlamento para prender Puigdemont, caso ele declarasse independência.
Antes do pronunciamento, o porta-voz do governo espanhol havia pedido a Puigdemont para “não fazer nada irreversível”. “Quero pedir ao senhor Puigdemont que não faça nada irreversível, que não siga nenhum caminho que não tenha volta, que não leve a cabo nenhuma declaração unilateral de independência, que volte à legalidade”, disse Íñigo Méndez de Vigo.
A Europa já disse com toda a clareza que não aceitará uma declaração de independência da Catalunha”, afirmou ele, em referência às declarações de líderes europeus em apoio ao governo do premiê Mariano Rajoy.
A Assembleia Nacional Catalã, ONG que luta pela independência da região, havia convocado partidários da separação para que se concentrassem em frente à sede do Legislativo visando garantir que a declaração unilateral ocorresse. Nesta manhã, a polícia fechou ao público o Parque de la Ciutadella, onde fica o Parlamento regional da Catalunha, como medida de segurança.
No plebiscito do dia 1.º, segundo os resultados divulgados pelo governo catalão, 2,02 milhões de pessoas votaram a favor da independência – 90% dos 2,2 milhões dos votos. O “não” teve o respaldo de 166,5 mil eleitores. Isto quer dizer que 41,5% dos 5,3 milhões de eleitores foram às urnas. Houve denúncias de que eleitores votaram mais de uma vez, por falta de controles.