Cessar-fogo entra em vigor no leste separatista da Ucrânia

Cessar-fogo entra em vigor no leste separatista da Ucrânia

Separatistas pró-Rússia continuavam investindo contra o leste da Ucrânia antes da trégua

AFP

Separatistas pró-Rússia continuavam investindo contra o leste da Ucrânia a poucas horas do cessar-fogo

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O cessar-fogo concluído entre Kiev e os rebeldes entrou em vigor neste sábado, na primeira etapa de um plano de paz destinado a por fim a um conflito que já deixou mais de 5,5 mil mortes em dez meses no leste separatista da Ucrânia. Tiros de artilharia prosseguiam em Donetsk, reduto dos separatistas, no leste ucraniano, logo após o início do cessar-fogo, mas foram interrompidos rapidamente. 

Aparentemente, nas primeiras horas da entrada em vigor, o cessar-fogo era respeitado pelas duas partes. O presidente russo Vladimir Putin reafirmou, após uma conversa telefônica com seu colega francês François Hollande e a chanceler Angela Merkel, seu compromisso a respeito da trégua, segundo a sede da presidência francesa. Os três também concordaram em realizar um primeiro balanço neste domingo sobre a aplicação da medida.

O presidente Barack Obama, por sua vez, imediatamente expressou a seu colega ucraniano sua solidariedade e profunda preocupação com a violência no leste separatista da Ucrânia. "O presidente falou hoje com o presidente ucraniano Poroshenko para expressar seu lamento pelo aumento do número de vítimas do conflito no leste da Ucrânia e sua profunda preocupação com a violência em curso, particularmente em torno de Debaltseve", afirma um comunicado da Casa Branca.

Obama e Poroshenko "enfatizaram a necessidade de que todos os signatários implementem o cessar-fogo e os protocolos do acordo alcançado em Minsk em setembro passado e refirmado pelo Plano de Implementação desta semana", afirma o texto.

Combates em Debaltseve

Ao longo do sábado, separatistas pró-Rússia intensificaram os ataques contra as cidades estratégicas do leste da Ucrânia. Os principais combates eram registrados em Debaltseve, cidade ferroviária estratégica entre as capitais rebeldes de Donetsk e Lugansk, e no porto de Mariupol, no Mar de Azov, indicou o Exército da Ucrânia.

Ao menos 14 pessoas, oito militares ucranianos e seis civis, morreram nas últimas 24 horas o leste do país, depois dos 28 mortos da véspera. "Os rebeldes destroem Debaltseve. Os disparos de artilharia contra os prédios residenciais e administrativos não param. A cidade está em chamas", afirmou o o chefe da polícia regional do governo, Viacheslav Abroskin, em sua página no Facebook.

A evolução da situação nestes dois pontos de tensão e nas ruínas do aeroporto de Donetsk são um teste importante para o cessar-fogo acertado na última quinta-feira dentro dos acordos. A trégua foi fechada após uma sessão maratônica de negociações entre os presidentes da Ucrânia, da Rússia, da França, e a chanceler alemã. "Os rebeldes, com lança-foguetes múltiplos e tanques, realizaram várias incursões" contra as posições ucranianas no sudeste de Debaltseve, onde as tropas do país estavam praticamente cercadas, indicou ainda o Exército ucraniano. Em Debaltseve, há sistemas de defesa antiaérea "russos, e não separatistas", afirmou o embaixador americano na Ucrânia, Geoffrey Pyatt.

Voluntários do regimento Azov, que defende Mariupol, afirmaram que "blindados russos sem identificação entraram em território ucraniano a partir de Novoazovsk", cidade litorânea na fronteira com a Rússia e sob controle rebelde localizada a 30km de Mariupol. Os combates também se intensificam nas proximidades de Mariupol. O exército ucraniano assegurou ter localizado 14 voos de drones inimigos na direção desta cidade. "O inimigo começou a atacar às 5h nossas posições em Chirokin. Usa tanques e artilharia", afirmou o regimento. Chirokin fica a 10km de Mariupol, cuja ocupação seria uma etapa-chave para a construção de uma ponte entre Rússia e Crimeia, península ucraniana anexada em março.

Kiev e os países ocidentais afirmam que o Kremlin incentiva os rebeldes do leste, com o fornecimento de armas e tropas, o que Moscou nega. 

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