Chavismo elege Parlamento venezuelano sem oposição nem reconhecimento internacional

Chavismo elege Parlamento venezuelano sem oposição nem reconhecimento internacional

Mais de 20 milhões de pessoas foram chamadas às urnas neste domingo

AFP

Mais de 20 milhões de pessoas foram chamadas às urnas neste domingo

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O chavismo busca uma vitória arrasadora nas questionadas eleições legislativas deste domingo na Venezuela para entregar o controle do Parlamento ao presidente Nicolás Maduro, em um processo que não tem respaldo internacional e do qual os principais partidos da oposição não participam.

Mais de 20 dos 30 milhões de venezuelanos são chamados às urnas em eleições em que o governante Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) busca a "vitória perfeita" com a conquista do único poder que desde 2015 é controlado pela oposição liderada por Juan Guaidó. "Chegou a hora de votar pela pátria, pela paz, pelo futuro!", disse Maduro no aplicativo de mensagens Telegram.

Militantes chavismo reuniram-se cedo pela manhã nos bairros do país, lançando foguetes e soando a canção militar matinal que desperta as tropas e que se tornou uma tradição na mobilização dos militantes do PSUV. "Aqui estou cumprindo meu direito de voto", disse à AFP Raúl Urquía, de 63 anos, em frente a um local de votação no centro de Caracas, onde cerca de 200 pessoas esperavam para votar, todas usando a máscara, obrigatória por causa da pandemia de coronavírus.

"Vim votar contra o imperialismo, vim votar contra aqueles que usaram a Assembleia para pedir sanções, este é um voto anti-imperialista". "Diante da terrível guerra econômica dos Estados Unidos, nos sentimos encorajados a continuar lutando e ganhar a Assembleia Nacional", afirmou Nelson González (73).

O canal estatal VTV mostrou vários centros abertos e pessoas votando.

Assembleia "pró-gringa"

No sábado, Maduro assegurou que a "Assembleia Nacional pró-gringa" ficará para trás. A Assembleia é chefiada por Guaidó, reconhecido presidente da Venezuela pelos Estados Unidos e outros cinquenta países. O líder da oposição assegurou, por sua vez, que "o objetivo de Maduro" é "aniquilar o Parlamento" e pediu a abstenção neste processo que chama de "fraude". Ainda assim, uma pequena fração dissidente da oposição tentará ganhar um dos 277 assentos.

Paralelamente, Guaidó tenta organizar uma espécie de plebiscito (de 7 a 12 de novembro) para estender a legislatura até que sejam realizadas eleições "livres, verificáveis e transparentes". Mas essa consulta nada mais será do que testemunhal, já que Maduro exerce o controle territorial e institucional com o apoio da cúpula militar, considerada seu principal apoio.

A Venezuela atravessa uma crise econômica - com anos de recessão, hiperinflação e colapso dos serviços públicos - que deve se traduzir em baixa participação, segundo especialistas. As eleições de 6 de dezembro receberam ampla rejeição internacional. Os Estados Unidos já anunciaram que não reconhecerão o resultado da votação; a Organização dos Estados Americanos (OEA) as rejeita por falta de condições e uma associação internacional de juristas as considera uma "ficção" sem validade jurídica.

Um grupo de representantes bipartidários do Congresso dos EUA condenou na sexta-feira as eleições porque "elas não atendem a nenhum padrão de um processo livre e justo". Washington é o principal aliado de Guaidó e lidera a pressão internacional contra Maduro com sanções econômicas, incluindo um embargo do petróleo em vigor desde abril de 2019.

A União Europeia, por sua vez, não considera que a votação será "justa, transparente e credível", pelo que é improvável o seu reconhecimento do processo, disseram fontes europeias à AFP. O bloco europeu pediu meses atrás o adiamento das eleições, condição para o envio de uma missão internacional de observação ao país. O governo socialista rejeitou o pedido, chamando-o de "inadmissível". O chavismo perdeu o controle do Parlamento em 2015 após 15 anos de hegemonia chavista.

No entanto, Maduro rapidamente anulou seu poder por meio do Supremo Tribunal Federal, enquanto Guaidó reivindicou a presidência em 2019, depois que a Câmara declarou Maduro "usurpador" por ter sido reeleito de forma "fraudulenta" em maio de 2018.

 


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