Chega a 95 o número de mortos em atentado contra mesquita no Paquistão

Chega a 95 o número de mortos em atentado contra mesquita no Paquistão

Mais de 220 pessoas ficaram feridas em ataque ocorrido nessa segunda

AFP

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Ao menos 95 pessoas morreram, e mais de 220 ficaram feridas no atentado dessa segunda-feira (30) contra a mesquita do quartel-general da polícia em Peshawar, noroeste do Paquistão, onde as equipes de emergência prosseguiam nesta terça-feira (31) com as operações para retirar os corpos dos escombros. O ataque aconteceu durante as orações vespertinas na cidade, que fica perto da fronteira com o Afeganistão, um reduto da militância islamita.

O ministro chefe da província, Muhammad Azam Khan, confirmou que a explosão foi um atentado suicida e anunciou um balanço atualizado de 95 mortos e 221 feridos. Mais de 90% das vítimas eram policiais, informou o chefe de polícia da região, Muhammad Ijaz Khan. "Eu fiquei preso nos escombros com vários corpos em cima de mim por sete horas. Perdi a esperança de sobreviver", disse à AFP o policial Wajahat Ali, de 23 anos, no hospital local.

Muhammad Asim Khan, porta-voz do hospital Lady Reading de Peshawar, relatou à AFP que o centro médico recebeu mais corpos durante a noite. "Durante a manhã (de terça-feira) vamos retirar a última parte do teto que desabou para conseguir recuperar mais corpos, mas não esperamos encontrar sobreviventes", declarou Bilal Ahmad Faizi, porta-voz da organização de resgate 1122.

Vinte policiais foram sepultados nesta terça-feira após uma cerimônia de oração. Os caixões foram posicionados em uma fila e cobertos com a bandeira paquistanesa. Shahid Ali, um policial de 47 anos que sobreviveu à explosão, disse à AFP que a detonação aconteceu poucos segundos depois de o imã iniciar a oração. "Vi uma fumaça preta. Corri para me salvar. Ainda escuto os gritos das pessoas. Gritavam pedindo ajuda", disse. "Os terroristas querem gerar medo naqueles responsáveis por defender o Paquistão", disse o primeiro-ministro Shehbaz Sharif em um comunicado.

Militância crescente

Nenhum grupo reivindicou o ataque, que aconteceu em um momento de escalada da violência no país. Nos últimos meses, o Paquistão vivenciou um agravamento da situação de segurança, em particular desde que os talibãs retornaram ao poder no Afeganistão, em agosto de 2021. Após vários anos de relativa calma, o braço paquistanês dos talibãs, Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP), o EI-K e grupos separatistas baluches voltaram a executar atentados.

O quartel-general de Peshawar é uma das áreas mais protegidas da cidade, que também abriga unidades das agências de inteligência e de combate ao terrorismo. Várias províncias de todo o país aumentaram o nível de alerta após a explosão, com o reforço dos postos de controle e o envio de tropas adicionais.

Na capital Islamabad, franco-atiradores foram mobilizados nos edifícios e nos pontos de acesso da cidade. O ataque ocorreu no dia em que estava programada uma visita a Islamabad do presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohamed ben Zayed Al Nahyan. A viagem foi cancelada na última hora - oficialmente, por causa das chuvas. O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou o atentado, que qualificou de "repugnante", enquanto o secretário de Estado americano, Antony Blinken, expressou condolências pelo "ataque horroroso".


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